Tira-Gosto de Guariroba 

Tira-Gosto de Guariroba 

Bariani Ortencio

“O que é alta como a torre, branca como papel e amarga como fel? A guariroba ou gariroba ou, ainda, gueroba, como comumente é chamada, é o palmito amargo, espalhado profusamente em Goiás, nas terras de cultura. O coco possui uma castanha muito gostosa e usa-se pegá-lo nos currais após passar pelo aparelho digestivo do gado, que aprecia muitíssimo as polpas desses cocos, debaixo das palmeiras. O palmito é largamente empregado aqui. É pena que se tenha que derrubar a palmeira para extrair o torete que regula um metro mais ou menos de comprimento. Digo é pena porque as guarirobas enfeitam muito a paisagem das fazendas.”

TIRA-GOSTO DE GUARIROBA À SUELY

Modo de Fazer: 

Corte a guariroba, de preferência a cabeça, em rodelas grossas. Dê uma ferventada e troque a água acrescentando sal. Torne a ferventar até o ponto, deixando-a macia. Escorrer sem deixar nada de água. Refogar bastante cebola em rodelas com alho cortadinho, pimenta-de-cheio, pimenta-do-reino e cheiro verde, no óleo e com pouca manteiga, o quanto baste. Juntar a guariroba.

Bariani Ortencio – Escritor e folclorista goiano em A Cozinha Goiana.  Para adquirir este e outros livros de Bariani Ortencio, envie um e-mail para vendas.livrosbariani@gmail.com ou pelo whatsapp 62 98198 2005.

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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