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17 de Abril: Três anos do Golpe. Dia da Infâmia contra a democracia brasileira

Há três anos começava o ocaso da democracia no Brasil. Filme narra golpe iniciado em 17 de abril de 2016 pela ótica de quem estava do lado de fora do Congresso, o povo brasileiro. Em artigo, Dilma lembra: ‘Foi um dos momentos mais infames da história’

Por: Cláudia Motta, da RBA – redebrasilatual

– “O espetáculo político que dividiu o país e cassou o mandato de 54 milhões de brasileiros narrado por quem estava do lado de fora do .” O povo brasileiro é o protagonista do documentário Tchau, Querida, lançado nesta quarta-feira (17), às 19h, no Centro Universitário Antonia (Rua Maria Antônia, 258/294, Vila Buarque). A partir da semana que vem, estará disponível no YouTube.

A data do lançamento do primeiro longa-metragem produzido pelo Cérebro Eletrônico e Jornalistas Livres “marca os três anos do início do fim do democrático e de direito no país”, afirma o jornalista Vinícius Segalla, que divide a direção do documentário com Gustavo Aranda.

“Tínhamos mais de oito horas de gravação. A gente assistiu e reassistiu a esse material, mexeu muito para transformar em uma hora e dez minutos”, conta Segalla. “Mas o mais difícil era ver como boa parte da população do Brasil que estava representada ali pelas pessoas de verde amarelo se deixou levar por uma ilusão. Muita gente estava ali acreditando mesmo que estava combatendo a corrupção, quando estavam fazendo parte de um mecanismo maior, levando a gente para onde levou.”

Ainda mais difícil, ressalta o jornalista, é assistir hoje e ver que “o ovo da serpente” já estava lá. “Desde o início do processo de impeachment, eram as forças de extrema direita representadas por Bolsonaro, Moro e Olavo de Carvalho que mais estavam presentes naquele processo. E a gente não percebeu. A gente se deu conta do perigo que era Jair Bolsonaro para o país quando já era tarde demais”, lamenta Segalla.

dilma rousseff‘Há razões mais do que suficientes para que a história registre o 17 de abril de 2016 como o dia da infâmia’. Foto: AGÊNCIA BRASIL

Brasil envergonhado

“O golpe foi o episódio inaugural de um processo devastador que já dura três anos. Teve, para seu desenlace e os atos subsequentes, a estratégica contribuição do sistema punitivista de justiça, a Lava Jato, que sob o argumento de alvejar a corrupção, feriu a de 1988, atingiu o Estado democrático de direito e impôs a justiça do inimigo como regra.”

Em artigo publicado nesta quarta-feira, a presidenta Dilma Rousseff reafirma sua visão sobre a construção do golpe no Congresso, na mídia, em segmentos do Judiciário e no mercado financeiro. “Compartilhavam os interesses dos derrotados nas urnas e agiam em sincronia para inviabilizar o governo”, avalia.

“Faz três anos, hoje, que a Câmara dos Deputados, comandada por um deputado condenado por corrupção, aprovou a abertura de um processo de impeachment contra mim, sem que houvesse crime de responsabilidade que justificasse tal decisão. Aquela em plenário foi um dos momentos mais infames da história brasileira. Envergonhou o Brasil diante de si mesmo e perante o mundo.”

Para Dilma, o principal objetivo do golpe foi o enquadramento do Brasil na agenda neoliberal, que, por quatro eleições presidenciais consecutivas havia sido derrotada nas urnas. “Foi essa verdadeira sabotagem interna que tornou praticamente impossível, naquele momento, atenuar sobre o Brasil os efeitos da mundial.”

A ex-presidenta associa o que aconteceu há três anos ao que está acontecendo hoje. “Há razões mais do que suficientes para que a história registre o 17 de abril de 2016 como o dia da infâmia. Foi quando o desastre se desencadeou; se desencadeou ao barrar os projetos dos governos do PT que tinham elevado dezenas de milhões de pessoas pobres à condição de cidadãos, com direitos e com acesso a serviços públicos, ao trabalho formal, à , à para os filhos, a médico, casa própria e remédios. Interromperam programas estratégicos para a defesa da soberania e para o desenvolvimento nacional, projetos que colocaram o Brasil entre as seis nações mais ricas do mundo e retiraram o país do vergonhoso mapa da fome da ONU.”

Dilma clama pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Mesmo os que se opõem a Lula mas prezam a se constrangem com o escândalo da sua prisão e condenação ilegal, e já perceberam que ele é um prisioneiro político… Lutar por sua liberdade plena significa enfrentar o aparato neofascista – militar, judicial e midiático – que está destruindo a democracia. Lula é a voz da resistência e carrega o estandarte da luta democrática… Lula mostrou ao povo brasileiro, em cada gesto seu que se tornou público, que é possível resistir mesmo nas piores condições. A sua força moral nos fortalece, a sua garra nos anima, a sua integridade nos faz lutar por sua liberdade, que representa também as liberdades democráticas para todos os brasileiros. Lula está do lado certo da história. #LulaLivre.”

Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2019/04/dia-da-infamia-ha-tres-anos-o-comeco-do-ocaso-de-um-pais

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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