Andrea Bocelli cantará na Catedral de Milão, vazia, para levar ao mundo mensagem de amor, cura e esperança

Andrea Bocelli cantará na Catedral de Milão, vazia, para levar ao mensagem de , cura e

A Itália é um dos símbolos mais tristes da pandemia do novo coronavírus. Só lá, quase 20 mil pessoas morreram até agora. E as imagens diárias, de caixões sendo levados de hospitais, sem parentes poderem se despedir, ficarão para sempre na dos italianos.

País onde fica a sede da Igreja Católica e com uma maioria avassaladora de fiéis dessa fé, nesta Páscoa, os italianos encontrarão seus templos de oração de portas fechadas.

Mas em um deles, a famosa Catedral de Milão, o Duomo, em italiano, haverá uma celebração diferente. O cantor Andrea Bocelli fará uma apresentação sozinho, dentro da igreja vazia: uma mensagem de amor, cura e esperança para seu país, a Itália, e o mundo todo.

“Eu acredito na força de orar junto. Eu acredito na Páscoa cristã, um símbolo universal de renascimento que todos – sejam eles crentes ou não – realmente precisam agora. Graças à , transmitida ao vivo, reunindo milhões de mãos entrelaçadas em todo o mundo, abraçaremos o coração pulsante da ferida, esta maravilhosa forja internacional que é motivo de orgulho italiano. A generosa, corajosa e pró-ativa Milão e toda a Itália serão novamente e muito em breve um modelo vencedor, motor de um renascimento que todos esperamos”, escreveu Bocelli.

A apresentação será transmitida ao vivo, de Milão, neste domingo de Páscoa (12/04), a partir das 2h da tarde, pelo YouTube. Basta você acessar este link.

A fundação criada pelo cantor Andrea Bocelli, que leva , também está engajada na contra o . A entidade está fazendo uma campanha de arrecadação de fundos para ajudar os hospitais a comprar todos os instrumentos e equipamentos necessários para proteger as equipes mé da Itália.

Esta semana, grandes nomes da música mundial também anunciaram a realização de um megashow pela internet para levantar recursos de combate ao coronavírus. O “One World: Together At Home”, que acontecerá em 18 de abril, já tem confirmadas as presenças de Elton John, Lady Gaga, Paul McCartney, Alanis Morissette, Andrea Bocelli, Billie Eilish, Stevie Wonder e Lizzo.

Fonte: Conexão Planeta

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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