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A terra não precisa de nós. Nós é que precisamos dela

A não precisa de nós. Nós é que precisamos dela

Devemos mudar nosso olhar sobre a Terra, a natureza e sobre nós mesmos. Ela é nossa grande mãe que como nossas mães merece respeito e veneração.

Quer dizer, conhecer e respeitar seus ritmos e ciclos, sua capacidade de reprodução, não devastá-la como temos feito desde o advento da tecnociência e do espírito antropocentrista que pensa que ela só tem valor na medida em que nos é útil.

Mas ela não precisa de nós. Nós precisamos dela.

Leonardo – Biografia

Leonardo Boff (1938) é um teólogo, escritor e brasileiro, um dos maiores representantes da Teologia da Libertação, corrente progressista da Igreja Católica.

Leonardo Boff (1938), pseudônimo de Leonardo Genésio Darci Boff, nasceu em Concórdia, Santa Catarina, no dia 14 de dezembro de 1938. Filho de professor graduou-se em Teologia no Instituto dos Franciscanos de Petrópolis do Rio de Janeiro. Doutorou-se em e Teologia pela Universidade de Munique, na Alemanha, em 1970.

Exerceu as atividades de professor de Teologia Sistemática e ecumênica para os Franciscanos, em Petrópolis. Foi professor de ética, Filosofia e Religião na Universidade do do Rio de Janeiro. Realizou conferências em diversos países, na área de Teologia, filosofia, ética, e ecologia.

Em 1982, Leonardo Boff publicou o livro “Igreja: Carisma e Poder”, onde explica os princípios da Teologia da Libertação na própria Igreja, procurando mostrar que a libertação não vale só para a , mas também para a Igreja e suas relações internas. Que é papel da Igreja pregar a libertação na sociedade e se comprometer com os oprimidos para que eles se organizem e busquem sua libertação. Sustenta a tese de que a Igreja Católica Romana pode e deve mudar.

Em 1985, como castigo, foi proibido pelo Vaticano a um ano de silêncio. Em 1992, fez parte da comissão da redação da da Terra, uma declaração dos princípios éticos fundamentais para a construção do século XXI. Sofreu nova condenação e renunciou às atividades religiosas. Casou-se com uma teóloga militante, porém, não abandonou sua religião.

É autor de vários livros, entre eles, “O Evangelho do Cristo Cósmico” (1971), “O Destino do Homem e do Mundo” (1974), “O Caminhar da Igreja Com os Oprimidos” (1980), “Ecologia-Grito de Guerra, Grito dos Pobres” (1995) pelo qual recebeu o Prêmio Sérgio Buarque de Holanda como o melhor ensaio social daquele ano e em 1997, nos , foi considerado um dos três livros, publicados naquele ano, que mais favorecia o diálogo entre ciência e religião.

Leonardo Boff recebeu diversos títulos, entre eles, Dr. Honoris causa em política pela Universidade de Turim, Dr. Honoris causa em Teologia pela Universidade de Lund, Suécia e Dr. Honoris causa em Teologia, ecumenismo, direitos humanos, ecologia e entendimento entre os povos, pelas Faculdades EST de São Leopoldo e Dr. Honoris causa pela Cátedra del Água da Universidade de Rosário, na Argentina. Recebeu o título de Professor Honorário pela Universidade de São Carlos, na Guatemala e pela Universidade de Cuenca, no Equador.

Fonte da Biografia de Boff: ebiografia


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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