Abril: mês que marca a resistência Indígena

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Abril: mês que marca a resistência Indígena

Estamos no abril, mês que marca a resistência Indígena. Em 2017 a Mobilização nacional indígenas foi marcada pela grande presença de corpos e forças ancestrais, invisível a muitos olhos, realizamos a histórica marcha na Esplanada dos Ministérios em frente ao Congresso contra os retrocessos de nossos direitos previstos em vários projetos que tramitava na época como ocorre até hoje.

Por Célia Xakriabá Nynthê

Uma grande ação de depositar 280 caixões em frente a esplanada lembra os políticos que compõe a bancada ruralista, responsável pelo grande aumento dos conflitos territoriais que resultou nas mortes de centenas de indígenas que foram e continuam sendo assassinados. O Acampamento Terra Livre (ATL) maior Mobilização Indígena só Brasil mais de 5 mil indígenas de todo o país em Brasília, no mês de abril. Em 2017 ATL foi a maior mobilização indígena já realizada na capital federal.

Marcado, pela grande manifestação no congresso nacional marchas, atos públicos, audiências com autoridades, debates e atividades culturais.

Na pauta da mobilização, a luta que unifica os povos Indígenas do Brasil é as demarcações dos nossos territórios indígenas; o enfraquecimento das instituições e políticas públicas indigenistas; as proposições legislativas anti-indígenas que tramitam no Congresso; a tese do “como PL da mineração e outra que que tem como preposição reaver os territórios Indígenas já demarcados”, pela qual só devem ser consideradas Terras Indígenas as áreas que estavam de posse de comunidades indígenas na data de promulgação da Constituição (5/10/1988).

E fazemos frente a luta pela permanecia e fortalecimento da SESAI secretaria específica que presta atendimento a saúde Indígena, como também a manutenção das políticas específica de educação escolar Indígena diferenciada, como prevê a constituição. Nossa luta e nossos povos Indígenas não dar para ser contabilizado pela quantidade e sim pela força.

Fonte: Facebook

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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