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Acordo de Paris: Metas comprometidas por recuos na ação climática dos países

Relatório mostra que avanços e recuos na ação climática dos países  comprometem metas do – 

Representantes de 190 países estão reunidos em Bonn para uma nova rodada de negociações sobre o acordo climático de Paris.  Destes, 23 foram avaliados pelo Climate Action Tracker (CAT), incluindo o . A análise, que se concentrou nos maiores emissores de gases de efeito estufa, mostra que embora alguns progressos tenham sido feitos desde a última conferência do clima, em novembro do ano passado, as políticas da maioria dos governos ainda não estão no caminho para cumprir os compromissos assumidos sob o Acordo de Paris – muitos dos quais estão longe de manter o aquecimento dentro do limite acordado de 1,5° C.

No caso do Brasil, a análise mostra uma inflexão na curva do desmatamento e das emissões resultantes. O notável progresso na sua desaceleração, observado desde 2005, deu lugar a uma aceleração no desmatamento e nas emissões.  O desmatamento total aumentou quase 30% em 2016 em relação a 2015, com mais de 50% na região amazônica. Isso vai na direção oposta aos compromissos do Brasil sob o Acordo de Paris, que incluem uma meta de zerar o desmatamento ilegal na brasileira até 2030. As primeiras estimativas para 2017 dão esperança de que pelo menos na Amazônia o desmatamento tenha voltado a diminuir, mas a incerteza sobre outras regiões e a observação de mais incêndios são motivo de preocupação.

Cortes orçamentários de 50% para o Ministério do , 70% para autoridades de monitoramento do desmatamento e outras áreas levantam questões preocupantes em relação à capacidade do governo de monitorar adequadamente o desmatamento, e isso tem sido visto no aumento do desmatamento. Não apenas o governo reduziu a capacidade de fiscalização das autoridades, mas também começou a reverter as políticas de uso da terra já em vigor, regularizando mais práticas ilegais de apropriação de terras e removendo a proteção das florestas nacionais.

Dado o papel fundamental do setor de uso da terra e mudanças no uso da terra (LULUCF) nas metas nacionalmente determinadas (NDC) do Brasil e a enorme importância de suas florestas para serviços ambientais, biodiversidade e seqüestro de , o governo brasileiro precisa urgentemente fortalecer a ação de mitigação neste setor – em vez de enfraquecê-lo.

Outros países
As energias renováveis ​​oriundas do vento e do sol estão se desenvolvendo tão rapidamente que o Climate Action Tracker teve que rever suas projeções de emissões para os Estados Unidos em 2030 (apesar dos esforços da atual presidência na direção oposta) e para o Chile (onde os baixos custos recorde de renováveis abriram o caminho para a adoção de um plano para eliminar o carvão). A Argentina apresentou novos cenários energéticos que, se implementados, resultariam em emissões significativamente menores.

Há também algumas novas políticas de impacto que foram anunciadas, mas ainda não implementadas (nem quantificadas pelo CAT). Um exemplo é o anúncio do novo governo da Nova Zelândia de que alcançará o zero carbono líquido até 2050 e que apresentará uma Lei do Carbono Zero.

Um número crescente de países está se afastando do carvão, com a nova “Powering Past Coal Alliance” de mais de 20 países, com o objetivo de eliminar gradualmente seu uso. Um de seus membros, o Reino Unido, reduziu a participação do carvão na geração de eletricidade de cerca de 40% para 7% em três anos. A Alemanha, principal usuária de carvão da Europa, acaba de iniciar um processo para elaborar um prazo de eliminação gradual.

Fora do âmbito das políticas nacionais, a navegação internacional reconheceu pela primeira vez a necessidade de eliminar completamente as emissões dos gases de efeito estufa e estabeleceu como meta reduzir suas emissões em pelo menos 50% até 2050 em comparação com 2008.

Em contraste, ainda há um tema decepcionante: o carvão.  Entre os que continuam com a expansão do carvão térmico estão o Japão, a Indonésia, asFilipinas e a Turquia, que ainda estão prosseguindo com planos de construção de usinas de carvão, o que elevará as emissões e os riscos de ativos ociosos significativos. Embora a China esteja parando a construção de usinas a carvão em algumas províncias devido a excesso de capacidade, o carvão continua a responder por cerca de dois terços da geração de eletricidade, e novas usinas foram autorizadas. O uso total de carvão na China aumentou novamente no ano passado após um declínio que vinha desde 2013. Dentro da União Europeia, a Polônia, anfitriã deste ano da conferência sobre o clima, continua a depender fortemente do carvão e está sozinha na expansão do planejamento da UE.

Governos que decidiram eliminar o carvão, mas precisam de mais etapas para a implementação de suas intenções, incluem a Coréia do Sul, que anunciou sua intenção de fechar várias usinas antigas de carvão antes do previsto e reconsidera as novas usinas que buscam licenças ou estão em construção, mas ainda não conseguiu implementar totalmente essas aspirações. Outros países, como o Chile e a Alemanha, deram um primeiro passo e decidiram iniciar um processo para estabelecer cronogramas de eliminação progressiva. Nos dois países, quase metade da eletricidade ainda é gerada pelo carvão atualmente.

Há governos que ainda se concentram em um futuro movido a carvão, enquanto a realidade é renovável: o uso continuado do carvão parece ainda estar firme nos planos governamentais dos Estados Unidos e da Austrália, apesar dos sinais claros de que a está ganhando terreno devido à competitividade em termos de custo – e é altamente provável que continue a fazê-lo.

Sob o Acordo de Paris, os governos concordaram em melhorar seus compromissos ao longo do tempo, com os preparativos para a primeira rodada em andamento em 2018. Há uma necessidade de que a maioria dos governos aumente suas metas até 2020 para torná-los alinhados com o limite do Acordo de Paris de 1.5 C.

Alguns, por exemplo, o México e os Estados-Membros da UE (Alemanha, Reino Unido, França e República Checa) já desenvolveram estratégias de longo prazo e alguns estão trabalhando para elevar suas ambições. A UE está trabalhando na atualização da sua estratégia a longo prazo como base para rever a meta de 2030 de acelerar a ação. Outros, como a Nova Zelândia, estão trabalhando no desenvolvimento de estratégias para implementar suas metas de longo prazo.

No outro extremo do espectro, países como a Austrália não conseguiram apresentar metas de longo prazo e nenhum processo para aumentar sua meta – inadequada – para 2030.

Baixe o briefing completo aqui

Contatos para imprensa
Niklas Höhne, NewClimate Institute: +49 173 715 2279, n.hoehne@newclimate.org 
Bill Hare, Climate Analytics: +49 160 908 62463, bill.hare@climateanalytics.org
Yvonne Deng, Ecofys: + 44 7788 973 714, y.deng@ecofys.com

Climate Action Tracker é uma análise científica independente que mede a ação climática governamental em relação ao objetivo globalmente acordado de manter o aquecimento da temperatura medida do planeta bem abaixo de 2 ° C, em relação ao período pré-industrial, e buscar esforços para limitar o aquecimento a 1,5 ° C. http://www.climateactiontracker.org É uma colaboração das seguintes organizações:

Climate Analytics –  A Climate Analytics é uma organização sem fins lucrativos com sede em Berlim, Alemanha, com escritórios em Lomé, Togo, e Nova Iorque, EUA, que reúne conhecimentos interdisciplinares nos aspectos científicos e políticos das alterações climáticas. Suas atividades incluem: sintetizar e promover o conhecimento científico na área de ciência, e impactos das ; fornecer apoio científico e político aos Países Menos Desenvolvidos e aos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento nas negociações internacionais sobre o clima, e acompanhar e analisar a eficácia das políticas climáticas globais em todo o mundo. www.climateanalytics.org

Ecofys – Especialistas em Energia  – Ecofys, uma empresa Navigant, é uma consultoria internacional líder em energia e clima, focada em energia sustentável para todos. Fundada em 1984, a empresa é uma consultora para governos, corporações, ONGs e fornecedores de energia em todo o mundo. A equipe oferece resultados significativos nos setores de energia e transição climática. Trabalhando em toda a cadeia de valor da energia, a Ecofys desenvolve soluções e estratégias inovadoras para apoiar seus clientes, possibilitando a transição energética e trabalhando com os desafios da .www.ecofys.com.

NewClimate Institute – O NewClimate Institute é um instituto sem fins lucrativos criado em 2014 para apoiar a pesquisa e a implementação de ações contra as mudanças climáticas em todo o mundo, cobrindo as negociações climáticas internacionais, acompanhamento de ações climáticas, clima e desenvolvimento, financiamento climático e mecanismos de mercado de carbono. O NewClimate Institute visa conectar pesquisas atualizadas com os processos de tomada de decisão do mundo real. www.newclimate.org

 

ANOTE AÍ:

Matéria enviada por Rita , da Aviv Comunicação: www.aviv.com.br 

Acordo de Paris Ichiro GuerraFoto: Ichiro Guerra

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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