Agricultura Sustentável: MST forma técnicos/as em agropecuária

: MST-RS forma técnicos/as em agropecuária com habilitação em

Referência na produção de alimentos orgânicos no país, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem (MST) do Rio Grande do Sul formou no último sábado (17) 18 técnicos em agropecuária com habilitação em agroecologia. Os recém-formados contribuirão para o desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável em áreas de assentamentos da

Por Catiana de Medeiros

O ato de colação de grau aconteceu na Comunidade 16 de Março, localizada na antiga Fazenda Annoni, em Pontão, na região Norte gaúcha. Lá, em 29 de outubro de 1985, ocorreu a primeira ocupação de agricultores organizados no MST, que resultou na desapropriação de mais de 9 mil hectares de terra e no assentamento de centenas de famílias. Elas transformaram o latifúndio improdutivo em um solo fértil para produzir alimentos, com destaque para as linhas de laticínios e embutidos.

Em meio a esse legado de luta coletiva, o MST já formou na Annoni cerca de 200 trabalhadores no Curso Técnico em Agropecuária com Habilitação em Agroecologia e Integrado ao Ensino Médio. A formação ocorre desde 2005 via Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), em uma parceria entre o Instituto Educar, onde acontecem as aulas, e o Instituto Federal de Educação, e do RS – Campus Sertão.

Com sete semestres de duração, o curso funciona em regime de alternância, ou seja, os educandos passam três meses na e três meses em suas comunidades para aplicar na prática o que aprenderam. Para Salete Campigotto, coordenadora do Instituto Educar, a formatura representa um avanço na consolidação de uma agricultura mais sustentável. “Nós, enquanto escola, sentimos uma sensação de dever cumprido, pois estamos devolvendo às famílias e ao Movimento Sem Terra jovens com uma formação profissional importante para alavancar o processo da agricultura nos territórios de Reforma Agrária”, comenta.

Todos os formandos que receberam diploma nesse sábado são oriundos de assentamentos gaúchos. Eles fazem parte da sétima turma do curso, que recebeu o nome de Alexandra Kollantai, em à feminista, militante bolchevique e uma das primeiras mulheres a ocupar o cargo de embaixadora no mundo. Gabriela Marques de Lara, 19 anos, moradora do Assentamento 28 de Maio, situado em São Luiz Gonzaga, na região das Missões, explica que o diploma é fruto de uma conquista coletiva. “Ele representa muito mais que um ensino técnico. Representa resistência, histórias, utopias e muita luta”, afirma.

Para Manfio Lill, 18 anos, a formação não para por aqui. Ele quer cursar ciências da computação, mas pretende continuar o seu trabalho na Annoni para agilizar a transição de modelo de produção da cooperativa em que trabalha, visando a agroecologia. “Quero conciliar os conhecimentos técnicos da agropecuária e da computação, de forma a introduzir a tecnologia no campo e a ampliar os valores qualitativos e quantitativos da nossa produção. Quero lutar por um novo modelo agrícola, que não mate diariamente a natureza”, destaca.

Fonte: Página do MST



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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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