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Novo app prepara indígenas para mudanças climáticas

Novo app prepara povos indígenas da Amazônia para mudanças climáticas

Um aplicativo desenvolvido pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) leva informações como risco de fogo, focos de calor, precipitação, temperatura e desmatamento para a palma da mão de povos indígenas da Amazônia. Disponível para celulares Android, o app está disponível para download gratuito na loja da Google Play.

O projeto foi um dos vencedores do prêmio Desafio de Impacto Social Google 2016 e foi lançado oficialmente na semana passada, no XVI Congresso da Sociedade Internacional de Etnobiologia em Belém. O app faz parte do SOMAI – Sistema de Observação e Monitoramento da Amazônia Indígena, plataforma também desenvolvida pelo IPAM que traz a situação das mais de 380 terras indígenas da Amazônia, como quanto preservam de floresta e as ameaças ambientais e antrópicas que sofrem.

“A tecnologia social ampliou nosso apoio aos povos indígenas, ao ajudá-los a se adaptar a um padrão climático que não estão acostumados. Vale lembrar que estamos falando de culturas largamente baseadas na natureza: se o clima muda, como tem acontecido, esses povos perdem a época boa de plantar, colher e limpar o terreno, o que provoca insegurança alimentar; eles podem ficar sem água e isso forçá-los a sair de suas terras, deixando-os vulneráveis à violência; e até atrapalhar seu calendário de festividades”, explica a coordenadora do núcleo indígena do IPAM, Fernanda Bortolotto.

Os povos indígenas, devido ao estilo de vida de seus habitantes, prestam serviços ambientais fundamentais para o restante da sociedade: a floresta ameniza a temperatura local, produz chuva e mantém o carbono estocado na forma de árvores – cerca de 61 milhões de toneladas de CO2, nas terras identificadas na Amazônia, que se desmatadas agravariam o efeito estufa.

“Os povos indígenas sofrem preconceito e violência, têm pouco acesso a serviços fundamentais e precisam constantemente defender seu direito constitucional à terra. Ao mesmo tempo, fornecem um serviço ambiental importantíssimo para todos os brasileiros ao preservarem as matas”, diz Bortolotto.

“E indígena usa celular?”

Apesar de a percepção popular brasileira ainda ser amplamente baseada na imagem difundida pelos portugueses no século 16, os 173 diferentes povos indígenas identificados na Amazônia do século 21 compõem um parcela diversa da sociedade, com diferentes níveis de integração com o entorno de suas terras indígenas e acesso à tecnologia quando assim desejam.

Aplicativos de troca de mensagem, como Whatsapp, e redes sociais, como o Facebook, por exemplo, são populares, ainda que nem sempre haja internet nas aldeias. Por isso, as informações do Alerta Clima Indígena também ficam disponíveis quando não há conexão, sendo atualizadas quando os aparelhos se conectam novamente à rede.

Os grupos indígenas que participaram da construção e da validação do aplicativo também pediram uma importante atualização no aplicativo: a capacidade de registrarem  e compartilharem seus próprios alertas de ocorrência de fogo, desmatamento, pesca ilegal, extração ilegal de madeira e invasão na TI – mesmo off-line. Assim, eles podem usar essas informações para monitorar melhor seu território e denunciar práticas ilegais, quando for o caso, para os órgãos competentes. Tais informações ficam armazenadas em seus celulares e são compartilhadas com quem eles assim desejarem.

Eles também conseguem marcar pontos de interesse – como suas área de caça, roça e corpos d’agua, por exemplo –, e calcular a distância até uma aldeia, além de marcar trajetos e selecionar áreas nos mapas.

Até agora, mais de 150 indígenas foram capacitados para usar o aplicativo, mas seu uso não exige treinamento. Clique para conhecer.

Fonte: IPAM


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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

 

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