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Quem são os e as  intelectuais negros/as embranquecidos/as pela história

Quem são os e as  intelectuais negros/as embranquecidos/as pela história

Por Rosana Fernandes/ Brasil de Fato

O objetivo do dia da Consciência Negra não é somente falar sobre o grande líder que foi Zumbi, mas também fazer uma reflexão sobre a cultura do povo africano e o impacto que tiveram na evolução da cultura não só no Brasil, mas no mundo. Sociologia, política, religião, artes, história e gastronomia entre várias outras áreas, foram profundamente influenciadas pelas culturas negra e africana e seus descendentes.
Aproveito essa data para apresentar alguns intelectuais negros que foram embranquecidos ou não reconhecidos na nossa história, não só no Brasil, mas em várias partes do mundo. O racismo é um processo que tenta ao longo de toda a história invisibilizar a importância das pessoas negras, por isso é tão importante recontar a história da maneira correta. 
Maria Firmina dos Reis foi uma importante escritora maranhense. Era engajada no movimento pela abolição da escravatura, chegando a escrever um Hino à Abolição. 
Chiquinha Gonzaga. Documentos mostram que sua mãe era filha nascida alforriada de uma mãe escravizada. Chiquinha participava ativamente na luta pela abolição, colando cartazes e arrecadando fundos para a causa. Seu nome e o de seu pai constam na lista de doadores da caneta com a qual foi assinada a Lei Áurea.               
Nilo Peçanha foi o primeiro presidente de descendência negra do Brasil, assumindo o cargo com a morte do presidente Afonso Pena. Apesar de sua tez escura, escondeu suas origens africanas. Alguns pesquisadores afirmam que suas fotografias presidenciais eram retocadas para branquear sua pele escura, exatamente para se encaixar no padrão de branqueamento imposto para fazer parte da alta sociedade. 
Afonso Henriques de Lima Barreto foi um famoso escritor brasileiro e neto de pessoas escravizadas, vindo de uma situação que beirava a miséria. Em 1911, escreveu “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, sua principal obra.
Machado de Assis foi um homem negro retinto que apostou na cultura como forma de ascensão social, a ponto de se tornar funcionário público e diretor de bibliotecas, conhecido por toda a cidade. Inaugurou a literatura realista brasileira com “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881), inspirado em Balzac. Até hoje, Machado de Assis é uma das maiores referências da literatura lusófona.
Betty Boop. A pessoa em quem a personagem foi inspirada, a cantora Esther Jones, era negra. Sua interpretação no palco foi o que inspirou o cartunista Max Fleischer a criar a personagem Betty Boop. Esther passou a vida lutando pelos diretos da personagem que, em verdade, era ela interpretando no palco.
Família Médici. É impossível estudar o renascimento italiano – e basicamente toda a história da cultura ocidental – sem passar pelos Médici. O que a história não costuma lembrar é que a origem da família vem de uma mãe ítalo-africana, de origem moura, que se casou com um branco. A mais importante família europeia da época era de origem negra.
Papai Noel é uma figura fictícia, mas o personagem no qual ele foi inspirado é São Nicolau. O santo nasceu na região onde hoje fica a Turquia, em torno do ano 270 antes de Cristo onde,  onde na época, os habitantes eram quase que integralmente povos de origem africana. Imagens antigas retratam a cor da pele do santo. 
Cleópatra era de naturalidade egípcia e não tinha os traços europeus que as artes tentam exibir, mas sim traços de negros do norte da África.
Santo Agostinho é um personagem fundamental para os estudos básicos de filosofia e teologia. O que não consta na história é que ele nasceu em Tagaste, na Numídia, uma cidade rodeada por florestas no norte da África. Ou seja, ele era africano.
Alexandre Dumas, autor de “Os Três Mosqueteiros” e “O Conde de Monte Cristo” era filho de um general branco com uma escrava negra. Seus traços negros são evidentes em fotografias e registros, mas em muitas representações artísticas Dumas é retratado como um homem branco.
Esses são apenas alguns exemplos que mostram todos os dias que a história não precisa só ser recontada com a enorme contribuição dos negros, mas que o racismo age de várias formas para que o negro não faça parte das conquistas da sociedade.
Rosana Fernandes é dirigente do Sindicato dos Químicos de São Paulo. Formada em Serviço Social e Sindicalismo, Educação e Trabalho. Militante do movimento Feminista, foi a primeira secretária Nacional de Juventude da CUT. Está em seu segundo mandato como dirigente adjunta da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo.
Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato ou da Revista Xapuri. 

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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