Mais do que produzir oxigênio e madeira, as árvores interagem entre si e se ajudam, segundo o alemão Peter Wohlleben, especialista em árvores e guarda-florestal com anos de experiência…
Wohlleben é autor do livro A Vida Escondida das Árvores (ainda sem versão no Brasil), que se tornou best-seller na Alemanha e foi traduzido em 19 idiomas, inclusive o português de Portugal. Na obra, ele explica de forma descontraída o que aprendeu nas décadas em que trabalhou nas florestas do país.
O especialista recorda que, na época de colégio, aprendeu que as árvores competem entre si por luz e espaço. Anos depois, ele diz ter percebido o contrário: que elas se ajudam. Segundo Wohlleben, a conclusão veio quando, passeando pela floresta da qual ele cuida, perto da fronteira com a Bélgica, encontrou um toco de árvore ainda vivo, que tinha de 400 a 500 anos de idade e nenhuma ramificação ou folha. A vitalidade do toco, de acordo com ele, após tanto tempo, estava no fato de que as árvores ao redor lhe transmitiam uma solução açucarada através das raízes, o que permitia que ele continuasse se nutrindo.
Comunicação
De acordo com Wohlleben, as árvores se comunicam através de sinais elétricos transmitidos pelas raízes e por sinais químicos através dos enormes fungos que ficam sob o solo. Elas avisam umas às outras sobre perigos como insetos, períodos de seca ou mesmo a ação humana, com galhos sendo cortados.
O autor salienta que, algumas vezes, as árvores se unem contra outras espécies para preservar seus recursos. Faias, por exemplo, costumam não aceitar a presença de carvalhos, os atrapalhando até que enfraqueçam, explica ele.
Personalidade
O especialista destaca, ainda, que as árvores têm diferentes personalidades, como os Salgueiros, que são solitários, suas sementes voam longe e as árvores crescem rápidas. Porém, sozinhas, não vivem muito.
Já as árvores nas cidades estão, segundo ele, isoladas e lutando contra as probabilidades, uma vez que não têm raízes fortes.
Wohlleben ressalta que o que ele escreve é apoiado por pesquisas científicas, como as realizadas pela Universidade de British Columbia.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana do mês. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN Linda Serra dos Topázios, do Jaime Sautchuk, em Cristalina, Goiás. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo de informação independente e democrático, mas com lado. Ali mesmo, naquela hora, resolvemos criar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Um trabalho de militância, tipo voluntário, mas de qualidade, profissional.
Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome, Xapuri, eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás de grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, praticamente em uma noite. Já voltei pra Brasília com uma revista montada e com a missão de dar um jeito de diagramar e imprimir.
Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, no modo grátis. Daqui, rumamos pra Goiânia, pra convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa para o Conselho Editorial. Altair foi o nosso primeiro conselheiro. Até a doença se agravar, Jaime fez questão de explicar o projeto e convidar, ele mesmo, cada pessoa para o Conselho.
O resto é história. Jaime e eu trilhamos juntos uma linda jornada. Depois da Revista Xapuri veio o site, vieram os e-books, a lojinha virtual (pra ajudar a pagar a conta), os podcasts e as lives, que ele amava. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo a matéria.
Na tarde do dia 14 de julho de 2021, aos 67 anos, depois de longa enfermidade, Jaime partiu para o mundo dos encantados. No dia 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com o agravamento da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
É isso. Agora aqui estou eu, com uma turma fantástica, tocando nosso projeto, na fé, mas às vezes falta grana. Você pode me ajudar a manter o projeto assinando nossa revista, que está cada dia mió, como diria o Jaime. Você também pode contribuir conosco comprando um produto em nossa lojinha solidária (lojaxapuri.info) ou fazendo uma doação via pix: contato@xapuri.info. Gratidão!
Zezé Weiss
Editora
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