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As florestas da Amazônia: como é possível ter tantas espécies?

As florestas da Amazônia: como é possível ter tantas espécies?

As florestas da : como é possível ter tantas espécies?

As florestas da Amazônia são conhecidas por abrigarem mais espécies vegetais, principalmente árvores, do que as que existem no resto do Brasil (excetuando-se apenas as da Costa Atlântica)…

Por Manuela Carneiro da Cunha e Mauro Almeida

Pode-se dizer que as florestas da bacia do Alto Juruá estão entre as mais ricas da Amazônia. Na Reserva do Alto Juruá, no Acre, em uma área de 10 x 1.000 metros no Seringal São João e de 20 x 500 metros no Seringal Restauração, mediamos e identificamos todas as árvores com mais de 10 cm de diâmetro à altura do peito (DAP).

No Seringal Restauração encontramos 176 espécies de árvores, e no Seringal São João, 198. O famoso botânico Alwyn Genry trabalhou muito tempo em várias partes do , quantificando a vegetal. No Parque Nacional de Manu, no Peru, relativamente próximo ao Acre, ele encontrou aproximadamente 300 espécies arbóreas. Na Amazônia equatoriana, Renato Valencia encontrou 307 espécies, um dos maiores valores já obtidos na Amazônia. No Brasil, Alexandre Oliveira encontrou na região de valores compatíveis com os de Gentry, mostrando que as florestas daquela região são tão ricas quanto as do oeste da Amazônia.

Como podemos ter tantas espécies? Por uma questão de espaço, se há tantas espécies, cada uma delas não pode ter tantos representantes. Logo, deveremos encontrar muitas espécies representadas por apenas uma ou poucas árvores na área. Se a maioria das espécies tem poucos indivíduos, para termos um estoque razoável delas é preciso uma grande área. Isso tem grande importância para o uso correto da .

Temos algumas espécies “comuns” mais fáceis de serem utilizadas pelo homem sem que haja sérios riscos à sobrevivência da espécie, como o açaí (Euterpe precatória) e as “raras” (em alguns casos formando grupos distantes entre si), com as quais é preciso muito cuidado, como o aguano ou mogno (Swietenia macophylla).

Como até agora só falamos de árvores, é preciso dizer que elas constituem apenas uma parte da diversidade. Registra-se ain- da uma imensa variedade de arbustos, ervas, cipós, pequenas palmeiras e epífitas, que somam muito mais do que o total de árvores e são igualmente importantes.

A grande quantidade de espécies vegetais e animais encontradas na bacia do Alto Juruá [por exemplo], as interferências e consequências das mudanças climáticas no passado sobre a flora e a fauna regionais, a presença de grandes lacunas de e o parco conhecimento sobre os usos das plantas ressaltam a importância da da [na ].

https://xapuri.info/codigos-da-floresta-o-casamento-no-seringal/

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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