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Autoras Negras: maior visibilidade!

Autoras Negras: maior visibilidade!

Editora lança selo para dar visibilidade a autoras negras

Além do selo editorial, o oferece espaço de formação sobre a negra

Por Lucas Veloso / almapreta.com

Com a proposta de publicar obras literárias e acadêmicas de autoras desconhecidas e de nomes importantes do campo feminista, o coletivo Di Jeje criou um selo editorial especializado na temática. A editora se chamará “Luango”, palavra que significa “o fogo do conhecimento, o que levou a humanidade a se desenvolver”, na linguagem bantu.

A ideia é destacar a publicação de autoras negras brasileiras e estrangeiras sobre o tema. A organização e curadoria fica por conta da pesquisadora, Jaqueline Conceição da Silva, que também é doutoranda em Antropologia Social.

Desde 2014, Jaqueline organiza cursos presenciais sobre negro, ministra palestras nos e Europa sobre o tema, além de se destacar como uma das principais pesquisadoras de Angela Davis no país.

No mês que vem, está previsto o lançamento do primeiro do selo, com o tema da do Feminismo Negro no , escrito pela pesquisadora. Entre os capítulos, tem um que trata das novas formas de feminismo, além de uma reflexão sobre o da mulher negra.

Os interessados já podem adquirir a obra pela pré venda, que vai até dia 30 de Junho pelo link: https://nkanda.org/curso.php?c=58 no valor de 45 reais. O livro também será vendido no formato físico a partir de agosto.

Coletivo Di Jeje

É um centro de pesquisa e formação sobre mulheres negras. O grupo desenvolve cursos, formações, palestras presenciais e a distância e possui 4 plataformas digitais de formação com cursos e conteúdos.

NKANDA – plataforma virtual de conteúdos e cursos sobre feminismo negro;
KUKALA – Plataforma virtual de cursos sobre a lei 10639 voltada para professores e educadores;
INTIÉ – plataforma virtual de cursos para a voltada para pesquisadores e professores;
IFÁ – plataforma virtual voltada para empresas e organizações sobre raça e gênero.

Para saber mais, acesse https://nkanda.org, onde é possível fazer a assinatura em diversas modalidades.

Fonte: https://almapreta.com/editorias/realidade/editora-lanca-selo-para-dar-visibilidade-a-autoras-negras


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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