Belágua recebe Movimento Solidário

O Movimento Solidário, programa de responsabilidade social da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), já tem o próximo destino definido: Belágua, no Maranhão. A decisão foi tomada no início de abril, durante reunião do Conselho Deliberativo Nacional da entidade.

A escolha da cidade, distante 113 quilômetros da capital São Luís, foi motivada por vários indicadores sociais como baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mortalidade infantil, taxa de alfabetização e por habitante, entre outros.

Desde 2006, o Movimento Solidário, realizado em parceria com a PAR Corretora de Seguros e o Grupo PAR, atuava em Caraúbas do Piauí, no do Piauí, colaborando para o desenvolvimento sustentável do município, com base nos preceitos dos Objetivos do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU).

No município, que tinha o 18º pior IDH do país, as políticas sociais na área de saúde, e distribuição de renda, realizadas com doações de parceiros e de milhares de empregados da CAIXA, foram fatores determinantes para as melhorias ocorridas.

A escolha de Belágua também foi feita com base nas sugestões feitas pelas Associações do Pessoal da CAIXA (Apcef). Além de baixo IDH, outros critérios desejados eram população inferior a 10 mil habitantes, fácil acesso e o município não estar amplamente contemplado por políticas públicas e tampouco por políticas específicas, como é caso das comunidades indígenas e . De acordo com o Movimento Solidário, o município maranhense foi o que mais atendeu a esses critérios.

fenae“Vamos trabalhar em Belágua seguindo pilares que já foram aplicados em Caraúbas, que se tornou um caso de sucesso, com ações de geração de renda visando dar autonomia à comunidade, educação e digital, saúde, e básico”, afirma Jair Pedro Ferreira, presidente da Fenae.

Ele acrescenta: “As doações dos empregados da CAIXA e das empresas parceiras serão essenciais para o sucesso das ações desenvolvidas. Queremos, mais uma vez, criar uma rede de solidariedade em prol dos que mais precisam”.

De acordo com Natascha Brayner, diretora de e Imprensa da Federação, o primeiro passo da nova fase do Movimento Solidário é conversar com deputados, senadores e com o prefeito. “Queremos realizar essa reunião em junho, para traçarmos as diretrizes e marcarmos uma data para iniciar a atuação em Belágua. Queremos promover um evento que marque a chegada do programa à cidade, envolvendo toda a comunidade”, diz.

NÚMEROS DE BELÁGUA

Segundo os dados atualmente disponíveis, Belágua tem cerca de 6,5 mil habitantes. O IDH é de 0,512, e a taxa de mortalidade até os cinco anos de idade chega a 41,8 por mil nascidos vivos. Outros números: renda per capita de R$ 107; apenas 23% dos adultos são alfabetizados; 58% dos domicílios têm acesso a água tratada; somente 15% dos domicílios têm banheiro e água encanada; e 66% das pessoas com 18 anos ou mais têm ensino fundamental completo ou emprego com carteira assinada.

“Todos esses dados mostram que a escolha do município maranhense foi acertada. Entre os objetivos, destaco acabar com a pobreza e a , garantir a educação inclusiva, reduzir a desigualdade e assegurar padrões de consumo e produção sustentáveis. Assim como fizemos em Caraúbas, nosso empenho será no sentido de fazer uma verdadeira revolução em Belágua”, frisa Jair Pedro Ferreira.

CARAÚBAS DO PIAUÍ

Enquanto estuda as ações em Belágua, o Movimento Solidário prepara a saída oficial de Caraúbas do Piauí, que vai acontecer no final de maio. Entre as atividades previstas, devem ocorrer a inauguração da padaria comunitária e visitas ao minipolo de confecções, à horta comunitária e à associação dos produtores de . “Também preparamos um vídeo contando tudo o que foi feito na cidade e os avanços que conquistamos, que será mostrado aos habitantes no ginásio poliesportivo. Será um momento de muita emoção”, observa Natascha Brayner.

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Mais informações sobre o Movimento Solidário podem ser obtidas nos endereços:
www.fenae.org.br
www.programamovimentosolidario.com.br

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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