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Bia: Cada conquista do Sintego é uma conquista da educação

Bia: Cada conquista do Sintego é uma conquista da

Não é de hoje que Bia de Lima, cidadã goiana, nascida em Jataí, filha de agricultores, educadora, formada na Universidade Federal de Goiás (UFG), milita em defesa de causas sociais e da Educação. Com seus olhos negros, vozeirão de radialista, e uma capacidade ímpar de insistir na , Bia de Lima vem de duas grandes conquistas nos últimos meses.  Em maio, coordenou uma greve contra o governo de Goiás que, pela primeira vez em 16 anos, conquistou ganhos concretos para a Educação. Em junho, depois de uma disputa acirrada, foi reeleita presidenta do Sintego, com 70% dos votos válidos. Passado o justo descanso das férias de julho, a Xapuri entrevistou Bia de Lima, essa guerreira da Educação, para conhecer um pouco mais de sua trajetória e de seus sonhos para os tempos futuros.

X – De onde surge a bem-sucedida militante e sindicalista Bia de Lima?

Bia –  Sou fruto das lutas dos movimentos sociais em defesa dos trabalhadores e da Educação. Comecei, junto com um grupo de jovens, na luta no meio estudantil, enfrentando o governo federal em sua tentativa de fechar o Campus da UFG em Jataí, onde estudávamos. O Campus não foi extinto.

X – Militou sempre na área da Educação?

Bia – Sim, mas também tenho em minha história o orgulho de ter sido vereadora em Jataí por dois mandatos representando o Partido dos Trabalhadores, sempre na defesa da classe trabalhadora, seja no partido ou no sindicato.

X – Daí pra frente, ficou em Goiânia?

Bia – Não. Em 1991, voltei pra Jataí, cheia de ideias inovadoras e sonhos revolucionários.  Em 1992, ajudei a refundar o PT no município, junto com um grupo de mulheres recém-saídas da Universidade, dentre elas Soraia Rodrigues Chaves, nossa candidata a prefeita que, contra toda a máquina e compra de votos do coronelismo – levaram até o time do Flamengo para fazer campanha contra nós. Quase ganhamos a eleição, foi por pouco. Demos um susto nas locais.

X – E a militância no Sintego, como começou?

Bia – Em Jataí. Quando passei no concurso, logo me filiei ao Sintego e tempos depois fui eleita presidenta da regional de Jataí. Comecei na base, depois fui vice-presidenta da regional do Sintego em Jataí. Em 2005 voltei pra Goiânia. Fui tesoureira três vezes, cheguei à Presidência e agora em junho, no dia 3, fui reeleita com 70% dos votos válidos da minha Categoria.

X – Como se sente a presidenta reeleita do Sintego?sintego2

Bia – Me sinto muito agradecida à minha Categoria e muito orgulhosa com os resultados do nosso trabalho coletivo em defesa dos profissionais da Educação em Goiás. Me sinto extremamente responsável pelos 11.233 dos 16 mil votos válidos, e me sinto também responsável por todos os 40 mil filiados do Sintego, espalhados por mais de 60% dos municípios do nosso estado que são filiados ao Sintego.

X – A que atribui uma vitória tão clara e tão retumbante?

Bia – Ao trabalho bem feito de toda a equipe do Sintego, em todas as 36 regionais, localizadas em todas as regiões do nosso Estado. Nosso sistema de gestão decentralizado e democrático permite ao Sintego um atendimento rápido e eficiente de seus filiados e filiadas, onde quer que estejam. Também contribuiu nossa capacidade de enfrentamento e negociação com o governo do Estado, e nossa presença nas lutas coletivas contra as reformas do governo golpista de Michel Temer, que ameaçam os direitos dos trabalhadores em Goiás e em todo o território brasileiro.

X- Em Goiás, como caminham as coisas?

Bia – Aqui em Goiás, depois de um árduo e longo processo de negociação, em maio a Rede Estadual de Educação encerrou uma greve de 41 dias com grandes conquistas para a nossa Categoria. A greve trouxe vitórias pelas quais nossa Categoria lutava há 16 anos, como os 21% para os administrativos, que há três anos estavam sem nada; os 34% de reajuste para os contratos temporários; a progressão para 444 Professores; o Concurso Público para 900 professores PIII e 100 administradores; a Gratificação por em Período Integral (GDPI) para coordenadores, professores e diretores de escolas em período integral; 20% de aumento de recursos para a merenda escolar; 58% de aumento para o Pró- (programa de custeios de reformas e reparos emergenciais das unidades de ensino; e, Auxílio-Alimentação de R$ 500,00 para todos os profissionais da ativa, uma conquista adicional.

X – Quais são, então, os grandes desafios do Sintego para os tempos vindouros?

Bia – Nossa luta segue organizada em três frentes: 1) Internamente, nossa principal tarefa agora é fortalecer a democracia interna, aprimorar nosso modelo descentralizado de gestão e melhorar, cada vez mais, o atendimento aos nossos filiados e filiadas; 2) Em Goiás, nós vamos continuar lutando conta a privatização da Educação por meio da contratação das Organizações Sociais (OS). Essa é uma luta que vem desde 2014 contra o governo goiano, que insiste em implantar um privatizador, ineficiente e contra os interesses da Educação; e, 3) Com relação à conjuntura nacional, o Sintego continuará organizando caravanas para , organizando manifestações e protestos por todo o estado de Goiás, continuará lutando contra as reformas golpistas do golpista Michel Temer, que a cada dia retira mais direitos, em acintosa afronta aos trabalhadores, especialmente a Reforma da Previdência.

X – Uma palavra final?

Bia – O Sintego só é forte porque conta com uma categoria forte em sua base. O êxito da Categoria é o êxito do Sintego e vice-versa. Da mesma forma, o êxito do Sintego é o êxito da Educação em Goiás e no . Sigamos firmes, fortes, e em luta!

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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