Botos e grandes rios ganham acordo global de conservação

Botos e grandes rios ganham acordo global de conservação

Últimas seis espécies na Ásia e América do Sul estão ameaçadas. Os animais vivem em mananciais como Amazonas e Ganges.

Por Aldem Bourscheit/O Eco

Uma declaração para proteger e recuperar populações de botos e os grandes rios onde vivem foi adotada esta semana por 11 países sul-americanos e asiáticos, do Brasil à Índia. 

O acordo envolve criar e financiar medidas para erradicar redes de pesca de emalhe – que prendem e afogam os animais, pois respiram fora d’água –, reduzir a poluição, intensificar pesquisas e aumentar as áreas protegidas.

“Esses rios são a força vital de tantas comunidades e economias e sustentam ecossistemas críticos, de florestas tropicais a estuários”, diz Stuart Orr, líder Global de Água Doce da ong WWF, uma das apoiadoras da declaração.

A iniciativa chega num momento crítico das últimas seis espécies globais de botos fluviais. Pesca predatória, barragens e hidrelétricas, poluição agrícola e industrial encolheram seus números em 73%, desde os anos 1980. 

As recentes mortes de mais de 150 botos no Lago Tefé, devastado pela seca na Amazônia brasileira, deixam claro que a crise climática engrossa o rol de ameaças à sobrevivência dessas espécies. A tragédia denota a urgência de medidas conjuntas para conservar a Amazônia, chave para a dinâmica climática mundial, e os botos, fundamentais para o equilíbrio ecológico, comenta em nota o WWF-Brasil.

Aldem Bourscheit – Jornalista. Fonte: O Eco. Foto: Silvio Piotto Junior / Creative Commons.

Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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