Braga Netto na mira: operação da PF implica mais um bolsonarista

Braga Netto na mira: operação da PF implica mais um bolsonarista

Enquanto militares e empresários envolvidos em esquema foram alvos de 16 mandados de busca e apreensão, Braga Netto teve o sigilo telefônico quebrado

Por André Cintra/Portal Vermelho

O general Walter Braga Netto, candidato à vice-presidência na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, está no centro de uma nova investigação da Polícia Federal. Ele é um dos implicados na Operação Perfídia, deflagrado pela PF para apurar denúncias de desvios de verba no Gabinete da Intervenção Federal (GIF), no Rio de Janeiro, em 2018, ainda sob o governo Michel Temer.

Enquanto militares e empresários envolvidos no esquema foram alvos, nesta terça-feira (12), de 16 mandados de busca e apreensão, Braga Netto teve o sigilo telefônico quebrado. Conforme a investigação, houve contratações irregulares, dispensa ilegal de licitação, e organização criminosa na contratação da empresa americana CTU Security LLC para aquisição de 9.360 coletes à prova de bala.

O sobrepreço foi de R$ 4,6 milhões, para um valor total de R$ milhões. Após as primeiras denúncias, o acordo foi cancelado pelo TCU (Tribunal de Contas da União), e o valor pago foi estornado em 2019. Na ocasião, Braga Netto, do Comando Militar do Leste, era o interventor, nomeado por Temer.

Segundo o G1, o militar alegava que os coletes balísticos “estavam para vencer”, o que supostamente justificaria uma contratação de emergência, a preços diferentes dos praticados no mercado. O próprio Braga Netto teria solicitado, pessoalmente, a autorização do TCU para a transação.

No pedido, ele chegou a dizer que “a entrega desse equipamento de proteção, depois de efetivada a aquisição, via de regra, não ocorre em prazo inferior a 60 (sessenta) dias, em virtude de sua fabricação, em grandes quantidades, ocorrer apenas sob demanda, após a homologação do processo licitatório. Nesse caso, o rito normal dos certames licitatórios compromete as metas planejadas, em razão dessa logística de reposição”.

Mesmo assim, o TCU não aprovou a compra e lembrou que, em função do uso de orçamento público, os princípios da “economicidade e transparência” eram obrigatórios. Conforme acórdão do tribunal, “não se pode olvidar de que seja comprovada a compatibilidade dos preços contratados por dispensa de licitação com os praticados no mercado. Essa é a jurisprudência do TCU para os demais casos de dispensas de licitação listados”.

Fonte: Portal Vermelho Capa: Sérgio Lima (Poder360)


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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