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Brasil pode se tornar 9ª economia mundial em 2023

Com avanço no PIB, pode se tornar 9ª economia mundial em 2023

Mesmo em meio a uma desaceleração no cenário internacional, relatório do FMI projeta crescimento de 3,1% no PIB brasileiro neste ano, acima da média global

Por Priscila Lobrgatte/Portal Vermelho

O Brasil pode sair da 11ª posição e alcançar a nona entre as maiores economias do mundo ainda em 2023, mesmo diante de um cenário de desaceleração global. A previsão é do Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre os fatores apontados para a melhora no desempenho estão o crescimento acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) e o câmbio mais favorável, além de fatores internos, como o desempenho da agricultura e do setor de serviços.

“No Brasil, o crescimento tem sido mais resiliente do que o esperado em 2023”, diz relatório do FMI divulgado há poucos dias. Em abril, o fundo previa que esta posição só seria alcançada pelo país em 2024, a partir de um avanço de 0,9%. Em julho, a previsão era de 2,1%.

Mas, com as novas projeções relativas ao crescimento brasileiro, a expectativa mudou. Agora, o organismo aponta para um avanço de 3,1%, de maneira que o PIB deverá ficar em torno de US$ 2,127 trilhões, desbancando o Canadá e tendo na sequência a Itália. O percentual esperado para o Brasil está acima da média global de 3% e próximo da expectativa de 3,2% por parte do Ministério da Fazenda. 

“A revisão em alta para 2023 desde julho reflete um crescimento mais forte do que o esperado no Brasil, impulsionado pela agricultura dinâmica e serviços resilientes no primeiro semestre de 2023”, afirma o FMI. Além disso, o relatório destaca que “o consumo também se manteve forte, apoiado pelo estímulo fiscal”. 

O FMI também vê melhora no cenário brasileiro quanto à inflação, saindo dos 9,3% registrados em 2022 para 4,7% neste ano. Para 2024, o índice pode ficar em torno de 4,5%.

“A recente decisão do Brasil de adotar uma meta contínua (em vez de ano-calendário) de inflação de 3% a partir de 2025 é um exemplo concreto de uma melhoria na eficácia operacional e na estratégia de comunicação, ajudando a reduzir a incerteza e a aumentar a eficácia da monetária”, diz o FMI. O documento também cita a importância do início do processo de redução dos juros no Brasil.

Outro aspecto positivo apontado pelo FMI diz respeito ao desemprego, que deve ficar em 8,3% neste ano, contra 9,3% em 2022 — para 2024, o percentual deve ser de 8,2%. 

A avaliação feita pelo FMI converge com análises de outros organismos internacionais. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto o mundo registra desaceleração, o Brasil poderá avançar 3,3% neste ano. No caso do Banco Mundial, o percentual de crescimento esperado é bem mais modesto, de 2,6% — ainda assim, é maior do que o projetado para a e Caribe, em torno de 2%. 

Com agências

Fonte: Portal Vermelho Capa: Agência Brasil


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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