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Brasil registra, entre agosto de 2017 e julho de 2018, o maior desmatamento em uma década

Brasil registra o pior desmatamento anual por uma década

Quase 8,000 km2 perdidos no ano até julho em meio a alarme O novo presidente, Jair Bolsonaro, piorará a situação

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Ambientalistas alertam que o provavelmente se tornará mais agudo quando Jair Bolsonaro se tornar presidente em 1º de janeiro. Foto: Bruno Kelly / Reuters

O divulgou seus piores números anuais de desmatamento em uma década, em meio a temores de que a situação possa piorar quando o presidente Jair Bolsonaro, assumidamente antiambientalista, assumir o poder.

Entre agosto de 2017 e julho de 2018, 7.900 m² foram desmatados, de acordo com dados preliminares do Ministério do baseados no monitoramento por satélite – um aumento de 13,7% em relação ao ano anterior e a maior área desmatada desde 2008. A área é equivalente a 987.000. campos de futebol.

“É muita destruída”, disse Marcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil. “A situação é muito preocupante … o que é ruim vai piorar.”

O Ministério do Meio Ambiente informou que o aumento veio apesar do aumento do orçamento e das operações realizadas pela agência ambiental Ibama.

“Precisamos aumentar a mobilização em todos os níveis de governo, da sociedade e do setor produtivo para combater atividades ambientais ilícitas”, disse o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, em um comunicado.

Mas o governo parece estar indo na outra direção.

Depois de cair por vários anos, o desmatamento começou a subir novamente em 2013, um ano depois que a presidente esquerdista Dilma Rousseff aprovou um novo código florestal que anistia os desmatamentos em pequenas propriedades. O desmatamento aumentou em quatro dos seis anos desde então, inclusive em 2016, ano em que Rousseff foi cassada e substituída por seu ex-vice-presidente Michel Temer.

Movimentos como esses sinalizaram que o congresso brasileiro não estava mais preocupado com o desmatamento, disse Astrini, incentivando o desmatamento.

“Sentimos em nosso trabalho de campo que essas gangues de desmatamento estão muito confiantes de que obterão anistia ou que estão cobertas”, disse ele.

“Chegará um momento em que o acúmulo desse desmatamento causará um efeito no qual a floresta deixará de ser uma floresta”, disse Astrini. “Os calculam que isso é entre 20 a 30%. Estamos muito perto dos 20%. ”

O Observatório do – uma rede de sem fins lucrativos – calculou que, em 2017, 46% das emissões brasileiras de gases causadores do efeito estufa se deviam ao desmatamento.

Bolsonaro desfrutou do apoio do agronegócio e seu ministro da agricultura será liderado por Tereza Cristina, chefe do lobby do Congresso.

Seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, argumentou que o aquecimento global é uma trama marxista . Na sexta-feira, seu vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, embora tenha admitido a existência do aquecimento global, disse ao jornal Folha de S.Paulo: “O ambientalismo é usado como instrumento de dominação das grandes economias”.

Bolsonaro apenas recuou sobre os planos de retirar o Brasil do acordo climático de Paris porque os produtores agrícolas argumentaram que a medida arriscou boicotes dos consumidores europeus, informou a mídia local.

“Se o problema está na e nos políticos e seu poder de decisão, eles precisam ser pressionados”, disse Astrini.

ANOTE AÍ

Fonte: The Guardian | Tradução: Google tradutor

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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