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Brasileiros não confiam mais nas Forças Armadas

Brasileiros não confiam mais nas Forças Armadas

Sob Bolsonaro, Forças Armadas são mal vistas por 70% do . Nossos militares estão entre os mais rejeitados

Por Patrícia Zaidan/via Jornalistas Livres

Os escândalos que envolvem as Forças Armadas Brasileiras acabaram repercutindo na pesquisa do Instituto Ipsos, divulgada nesta terça (9/08). Dos 28 países analisados pelo Confiabilidade Global, o aparece entre os que menos acreditam nos seus militares. Cerca de 70% da população veem com maus olhos a atuação do Exército, da Marinha e da Aeronáutica no governo Bolsonaro. A taxa de confiança, 5 pontos aquém da aferida em 2021, está 11 pontos abaixo da média mundial, de 41%.

Pesaram contra os militares a desastrosa condução do general Eduardo Pazuello no Ministério da , que levou à perda de 680 mil vidas por Covid 19, as denúncias de na compra de vacinas e a aquisição superfaturada de prótese peniana e Viagra para atender as altas patentes.
As Forças Armadas são tão mal vistas quanto as da Polônia. E só não recebem mais desprezo que os militares da Colômbia (29%,) África do Sul (28%) e Coreia do Sul (25%).

Professores, os mais queridos

Entre os dias 27 de maio a 10 de junho, o Ipsos ouviu 21 mil adultos, dos quais quase mil eram brasileiros, além de australianos, belgas, canadenses, chineses, japoneses, alemães, ingleses, mexicanos… O instituto também sondou a percepção das pessoas em relação a outras profissões. Aqui, a categoria mais confiável é a dos professores, apontados por 64% dos entrevistados. Depois deles, os (61%) merecem os maiores créditos, seguidos dos médicos (59%). No topo da lista dos rejeitados estão também os políticos, olhados com desprezo por 76% da população, os ministros do governo (64%) e os banqueiros (53%).16:35

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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