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Brigadas Voluntárias contra o fogo das queimadas

Brigadas Voluntárias contra o fogo das queimadas
Brigadistas voluntários e voluntárias lutam contra escassez de recursos para combater incêndios. O alto custo logístico e de manutenção e a falta de apoio financeiro e institucional são os principais desafios enfrentados por esses grupos que, muitas vezes, colocam recursos do próprio bolso para realizar as operações
A atuação organizada de grupos de voluntários tem sido fundamental no combate aos incêndios florestais que têm batido recordes no País e devastado grandes áreas dos principais biomas brasileiros. São eles que, juntamente com brigadistas do ICMBio e do PrevFogo/Ibama, conseguem chegar mais rápido aos focos, especialmente em locais distantes dos grandes centros, executando rapidamente o primeiro combate e evitando que as chamas se alastrem.
O trabalho exige grande esforço físico, como enfrentar sensações térmicas que ultrapassam 250°C e caminhar dezenas de quilômetros por dia em áreas de difícil acesso, e também carece de recursos para garantir uma estrutura mínima, promover a formação de brigadistas, adquirir e manter equipamentos para o combate ao fogo.
“Ser voluntário é uma paixão. É o que nos move para nos arriscarmos para evitar que os incêndios ocorram e para proteger o meio ambiente. Somos apaixonados pelo que fazemos e nos dedicamos muito”, declara o brigadista florestal Rafael Gava, diretor executivo da Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV).
A RNBV é um exemplo de efetividade na mobilização em favor da proteção à natureza. Criado em 2019 por líderes de brigadas contra incêndios florestais, o grupo luta para vencer os desafios de manutenção do quadro de brigadistas e de equipamentos, além da falta de apoio. Atualmente, a rede é composta por 932 voluntários, divididos em 15 brigadas que atuam em oito estados e diferentes biomas, como Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia. Sete novas brigadas aguardam formalização.
Com o início da temporada da seca, os incêndios são cada vez mais frequentes. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), até agosto deste ano, o Brasil registrou cerca de 80 mil focos de incêndio. Mato Grosso lidera o ranking de estados com maior número de registros, com mais de 11 mil focos. Pará, Tocantins, Maranhão e Amazonas vêm na sequência, todos com mais de 6 mil pontos. Amazônia e Cerrado são os biomas mais atingidos, registrando 78% do total. Com a baixa umidade do ar, fortes ventos e poucas chuvas, intensificados pelas mudanças climáticas, o País entra em um período de alto risco para propagação dos incêndios.
“As brigadas voluntárias estão em lugares onde o Corpo de Bombeiros não consegue chegar com tanta agilidade. Se uma equipe conseguir chegar em até três horas do início do fogo para um combate direto, duas pessoas conseguem apagar o foco inicial. Com uma demora maior, é provável que alguns focos evoluam, se transformando em grandes incêndios, queimando dezenas ou centenas de milhares de hectares de vegetação. O combate rápido é essencial para controlar e evitar a propagação”, explica Aryanne “Ária” Rodrigues, líder da Brigada Voluntária de Colinas do Sul, na Chapada dos Veadeiros.
Grávida de sete meses e estudante de Geologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Ária é retrato do perfil dos voluntários que dedicam tempo e esforços em prol do meio ambiente e da comunidade. Entre os participantes estão professores, agricultores, guias turísticos, comerciantes locais, estudantes e outros cidadãos.
Além da exaustão física provocada pela característica do trabalho voluntário que desempenham, os brigadistas ainda precisam conciliar a atividade com o dia a dia. “Muitas vezes sacrificamos nossa vida pessoal para conseguir ajudar nas ocorrências. Depois do trabalho diário, que costuma ser no horário comercial, o voluntário segue para o combate de incêndios. Isso pode acontecer das 19 horas às 7 horas da manhã do dia seguinte. Tem casos que a linha de fogo é tão distante que não compensa voltar, ficando mais de 24 horas dentro do mato e longe de casa”, conta o cineasta Amilton Sá, coordenador executivo da Rede Contra Fogo, brigada voluntária que atua na região da Chapada dos Veadeiros.
FALTA DINHEIRO
Apesar da enorme necessidade, a formação desse tipo de brigada ainda é um desafio no Brasil, visto que, na maioria das vezes, é o próprio voluntário que ajuda financeiramente para a manutenção das atividades.
“Os custos de estruturação, treinamento e operacionalização para que todos possam executar o trabalho de forma segura e eficaz é alto. Tem voluntário que banca gasolina, pedágio e alimentação. Muitos ainda têm de comprar o próprio equipamento de proteção”, conta Gava. Consequência disso, segundo ele, é que provavelmente muitas brigadas pararam de atuar e iniciativas potenciais simplesmente deixaram de existir.
A Brigada Voluntária Ambiental de Cavalcante (BRIVAC) é exemplo do impacto dessa fragilidade. O grupo atua no município de Cavalcante, localizado ao norte da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, uma das regiões mais afetadas pelas chamas em 2020. Atualmente, usa carros particulares dos brigadistas para chegar aos focos do incêndio. “Ano passado, tivemos o apoio do estado, que nos disponibilizou um veículo com motorista por 15 dias”, conta o brigadista João Ribas, subdiretor da BRIVAC.
Para o período crítico deste ano, a brigada contará com seu primeiro veículo próprio. Em setembro, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza – que mantém em Cavalcante uma reserva natural desde 2007 e considera o território como estratégico para a sua atuação – oficializou a doação de recursos para a compra de um veículo apropriado para o deslocamento dos brigadistas e seus equipamentos de forma segura, o que deve contribuir para o monitoramento das áreas, assim como maior eficácia nos combates aos incêndios. A doação complementa os esforços da Fundação Grupo Boticário para fortalecer, capacitar e estruturar ações preventivas e de combate a incêndios na região.
“O Cerrado é um bioma estratégico para a manutenção da biodiversidade brasileira. Ele está presente em vários estados e suas nascentes abastecem bacias hidrográficas em todo o país. Além disso, a sua riqueza natural é fonte de renda e desenvolvimento para a comunidade local. Uma área que sofre com o desmatamento e com o fogo descontrolado”, afirma a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes. “A doação da Fundação Grupo Boticário tem o intuito de estimular outras organizações da sociedade civil e empresas a conhecerem as brigadas voluntárias de incêndios florestais que atuam em suas regiões e também contribuírem com esse trabalho tão importante para a manutenção do nosso patrimônio natural e que carece de atenção e apoio”, completa.
“Este veículo é um alento às grandes preocupações que temos nas operações. Ele atenderá às principais demandas da brigada quanto aos incêndios, realização de rondas, monitoramento móvel, vigilância, resposta aos acionamentos, e apoio emergencial a outros municípios no território da Chapada dos Veadeiros”, ressalta Ribas.
Para Braulio Dias, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), é importante reforçar o engajamento da sociedade civil e a promoção da educação ambiental, além de um maior apoio de instituições públicas e privadas e das administrações municipais. “A atividade de combate a incêndios florestais é de elevadíssimo risco. Não é qualquer um que vai para frente de fogo. Essa é uma das questões pelas quais não se incentiva as pessoas comuns a fazerem o combate e sim a cuidarem para que não surjam novos focos. Temos que ter maior capacitação e priorizar a prevenção”, ressalta.
Além das brigadas voluntárias, existem as brigadas oficiais do governo federal. As do Ibama, que atuam dentro de áreas protegidas, evitando incêndio em territórios indígenas e quilombolas; e as brigadas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que atuam dentro de unidades de conservação federais. Fora isso, alguns estados têm brigadas próprias, normalmente associadas à Defesa Civil ou ao Corpo de Bombeiros.
“Se todo mundo trabalhar junto, formando uma rede de apoio e com políticas públicas efetivas, é possível ajudar ainda mais na prevenção e no combate a esses grandes incêndios que impactam grande parte das nossas áreas naturais”, diz André Zecchin, biólogo e coordenador da Reserva Natural Serra do Tombador, localizada em Cavalcante (GO) e mantida pela Fundação Grupo Boticário, lembrando que, neste ano, a instituição também promoveu um seminário sobre manejo integrado do fogo e apoiou, junto com parceiros locais, a formação de novos de brigadistas na região.

Brigada Voluntária de Colinas do Sul, na Chapada dos Veadeiros

Fonte: Release distribuído por Tamer Comunicação
Giovanna Leopoldi – 11 3031-2388 – ramal 247 – 11 96312-2030 (giovanna@tamer.com.br
Sobre a Fundação Grupo Boticário
Com 30 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Já apoiou cerca de 1.600 iniciativas em todos os biomas no país. Protege duas áreas de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial.


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