“Cartas para Marielle”: livro resgata lembranças e emoções

“Cartas para Marielle”: resgata lembranças e emoções

Por Simone Freire

Coletânea é organizada por Anielle Franco e teve lançamento no 12 de julho pela Editora Conexão 7 em parceria com o Instituto

Imagens, cartas e desabafos de Luyara, Anielle, Marinete e Antonio, membros da família Franco, estão reunidas no livro “Cartas para Marielle”, que foi lançado no dia 12 de julho, dentro da programação da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) 2019.

Na coletânea, organizada pela irmã da ex-vereadora, Anielle, a família narra diversos episódios vividos por eles após a fatídica noite de 14 de março de 2018, quando Marielle foi brutalmente assassinada no Rio de Janeiro.

“É um livro de cunho emocional, totalmente das nossas experiências sem a Marielle. Não tem como ler e não se colocar um pouquinho no nosso lugar de família, da perda que a gente teve”, explica Anielle.

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Escritos

Um caderninho de casa, textos escritos para reportagens, desabafos e lembranças compartilhadas em . Anielle teve um longo e emocionante ao reunir o que a família queria e precisava dizer sobre a , filha, militante, e lutadora Marielle Franco.

“O livro está emocionante. Eu demorei muito para colocar ele no lugar que eu queria. Demorei meses porque eu chorava muito vendo as cartas”, conta.

Entre os escritos, há cartas de Antonio narrando sobre seu primeiro Dia dos Pais sem Marielle, e Marinete, sua mãe, contando sobre sua maternidade interrompida. “Acho que a mais bonita é a do meu pai sobre o dia fatídico, onde ele conta em detalhes sobre como recebeu a notícia”, revela Anielle.

“As pessoas podem esperar muito afeto, muito neste livro. Dá pra perceber a troca, em de como a Marielle era com a gente. Está de arrepiar”, instiga Anielle.

Fonte: Almas Pretas     Edição Xapuri

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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