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CNMP: Senado rejeita recondução de procuradores pró-Dallagnol

CNMP: Senado rejeita recondução de procuradores pró-Dallagnol

“Nós respeitamos o direito de voto de cada senador. Mas houve uma votação com um número baixo de votantes. Uma votação para mandar recado, para retaliar”, acrescentou o senador Alessandro Vieira (-ES). Ele explicou que uma votação desse tipo já havia sido cancelada neste mês por conta do baixo quórum e defendeu, em plenário, que, por conta disso, a votação desta quinta também deveria ser cancelada.

Alcolumbre, contudo, não acatou o pedido desta vez e colocou as reconduções em pauta, coincidentemente ou não, logo depois que o senador Renan Calheiros anunciou nova representação no Conselho Nacional do Ministério Público, pedindo novamente o seu afastamento

A recondução de Lauro Machado Nogueira para o Conselho Nacional do Ministério Público no biênio 2019/2021 foi, então, rejeitada por 36 votos a 24. Logo depois, por 33 votos a 15, o plenário também rejeitou a recondução de Dermeval Farias Gomes.

O resultado também foi questionado pelo líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), e pelos senadores Soraya Thronicke (PSL-MS), Lasier Martins (Podemos-RS) e Juíza Selma (Podemos-MT). Eles se reuniram no gabinete de Lasier logo depois da votação e prometem anunciar, junto com outros senadores e o grupo Muda Senado, medidas de combate a esta e a outras práticas do atual presidente Davi Alcolumbre nesta quinta-feira (19).

Entre os pedidos que devem ser apresentados por esses senadores estão o cancelamento da votação desta quarta-feira, a realização de votações exclusivamente abertas a partir de agora, a instalação da CPI da Lava Toga e a reanálise dos nomes indicados também nesta quarta-feira para o conselho de ética do Senado.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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