Como Lula recuperou a imagem do Brasil no cenário global

Como recuperou a imagem do no cenário global

Presidente encontrou com mais de 60 líderes em 2023. Ele realizou 15 viagens e passou por 24 países, oportunidades em que fechou acordos e reposicionou diplomacia

Por Murilo da /Portal Vermelho

O ano de 2023 teve como uma das prioridades adotadas pelo governo Lula a retomada do protagonismo nas relações internacionais. O movimento não foi só de reposicionamento pelo novo governo, mas também visou recuperar um vácuo deixado pela gestão Bolsonaro que praticamente apartou o Brasil dos principais palcos decisórios mundiais.

Aos críticos das agendas internacionais a resposta de Lula veio rápida com resultados imediatos a cada encontro, como o maior acordo na história entre Brasil e China (15 acordos em volume superior a R$ 50 bilhões) e como o de R$12 bilhões em recursos dos Emirados Árabes para a Bahia.

Mas uma das maiores conquistas das ações da política externa foi o anúncio de que o Brasil sediará em 2025 a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30) em Belém, Pará.

O anúncio veio na esteira da cobrança brasileira por mais recursos para combate às mudanças climáticas que nortearam a presença brasileira nas discussões da COP 28, em Dubai.

Lula chegou a dizer que “viajou demais”, porém o movimento era necessário. Neste ano já avisou que o foco será em agendas internas, focadas nas entregas de projetos por todo o país. O momento também resguarda atenção para as eleições municipais, que podem ser um termômetro já pensando em 2026.

No total Lula passou por 24 países, em 15 viagens realizadas. Nestas ocasiões o presidente se encontrou com mais de 60 chefes de Estado e governo de 55 países, segundo o Planalto. Os países visitados foram: Argentina, Uruguai, , China, Emirados Árabes, Portugal, Espanha, Reino Unido, Japão, Itália, Vaticano, França, Colômbia, Bélgica, Cabo Verde, Paraguai, África do Sul, Angola, São Tomé e Príncipe, Índia, Cuba, Arábia Saudita, Catar e Alemanha.

No primeiro ano do terceiro mandato presidencial de Lula, o Brasil esteve nas presidências temporárias do Mercosul e do Conselho de da ONU. Como marcas ficaram os avanços nas tratativas pelo acordo entre Mercosul e União Europeia e a posição à frente do Conselho de Segurança em que o Brasil chegou a ter uma resolução pelo cessar- na guerra entre Israel e Hamas apoiada por 12 dos 15 membros. Mesmo com apoios a resolução foi barrada pelo poder de veto dos Estados Unidos, mas foi fundamental como uma primeira iniciativa que culminou nos primeiros acordos para pausa nas hostilidades e troca de reféns negociadas pelo Catar.

Além disso, a diplomacia nacional demonstrou sua eficácia pela prontidão no resgate de brasileiros e seus parentes estrangeiros que estavam na zona de guerra e que desejavam sair do local.

G20

Em setembro, Lula recebeu a presidência temporária do G20, em Nova Delhi, na Índia. Isto significa que o Brasil fica responsável pela pauta do grupo entre 1º de dezembro de 2023 e até 30 de novembro de 2024.

Na presidência do grupo que envolve as maiores economias do mundo, o Brasil ganhará ainda mais destaque em 2024. Lula já estabeleceu como eixos de atuação: o combate à , as questões climáticas e a governança global.

Em seu primeiro discurso na presidência do grupo, ele direcionou sua fala para o combate às desigualdades e na criação de mecanismos de taxação internacional que ajudem a financiar o . No calendário de ações do G20 serão mais de 120 eventos até a Cúpula final em novembro na cidade do Rio de Janeiro, quando o Brasil passa o bastão para a África do Sul.

América do Sul

Neste primeiro ano ainda se destaca o retorno do Brasil à Unasul, com empenho reformista para o grupo, e a promoção do encontro em Belém da Cúpula da Amazônia que reuniu os países signatários da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

Além disso, o governo organizou a Cúpula de Líderes da América do Sul, em que os presidentes de 10 países e o presidente do Conselho de Ministros do Peru vieram ao Brasil debater propostas para a região. A presidente peruana, Dina Boluarte, estava impedida de deixar o país no momento pela transição de poder que ocorria no país.

Com estas reuniões o líder brasileiro mostrou que não só vai ao encontro dos interesses nacionais como também tem poder de mobilização para atrair, quando necessário, representações para o próprio país.

Relações Internacionais

O fortalecimento das relações não se deu somente no continente. Lula ainda marcou este primeiro ano com a retomada das relações bilaterais com os países africanos em viagem para a África do Sul e Angola, assim como outros países durante a 14ª Conferência de Chefes de Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

No período o governo ainda contou com representação no G7, grupo dos países mais ricos do mundo, como observador. Lula destacou no encontro que aconteceu no Japão a pela paz, contra a ambiental e a fome, temas que tem norteado sua atuação e a diplomacia.

Já no G77, que visa reunir os interesses do Sul Global, realizado em Cuba, o recado do presidente teve críticas aos monopólios tecnológicos das gigantes de tecnologia, movimento apoiado na resolução final do evento.

Entre a aproximação que vai do G7 ao G77, passando antes pela liderança no G20, quem ganhou destaque em 2023 foi o fortalecimentos dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que teve oficializada a adesão da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia ao bloco. Com anuência do Brasil, o grupo cresce em importância e pode superar em muitos aspectos os outros conjuntos nas próximas décadas.

Para 2024 a primeira viagem internacional poderá ser em fevereiro para a Cúpula da União Africana, que acontece na Etiópia. O evento reúne os 55 países membros do continente que recém foram integrados ao G20 como bloco pela União Africana.

Fonte: Portal Vermelho Capa: Ricardo Stuckert


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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