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Covid-19: Casos crescem entre indígenas no Xingu e no Rio Negro

Covid-19: Casos crescem entre no e no

Por Instituto Socioambiental

A Covid-19 chegou nas Terras Indígenas da bacia do Xingu. E os números são alarmantes: a pandemia avança nos municípios vizinhos de Áreas Protegidas, pressionando as TIs e do Xingu. Em apenas uma semana, entre os dias 8 e 15 de junho, o número de nas 53 cidades que incidem sobre a bacia cresceu 37%, chegando a 202 óbitos. Os casos aumentaram de 6,2 mil para 8,2 mil no mesmo período. Entre indígenas dessa região, já são 197 casos e quatro mortes. No final de semana faleceu um bebê do povo Kalapalo,  o primeiro óbito no Território do Xingu (MT).

A região de Altamira, município referência para onze Terras Indígenas, sete Unidades de Conservação e nove municípios da região, já contabiliza 97 mortes, 2.779 casos confirmados, e o único hospital que atende casos de média e alta complexidade está com as UTIs lotadas.

covid xingu indigena

Outra região amazônica altamente impactada é a Bacia do Rio Negro. O pagamento do auxílio emergencial concedido pelo governo federal incentivou a ida dos indígenas às cidades para sacar o auxílio e fazer compras, aumentando a contaminação entre indígenas. A situação é agravada pela demora do poder público em agir. A em comunidade e encontros religiosos, parte dos costumes indígenas, são comuns na região da Bacia do Içana e fez a situação se agravar. O único hospital da região é o Hospital de Guarnição do Exército (HGU), em São Gabriel da Cachoeira (AM), que já está com sua capacidade esgotada. Leia mais aqui.

O ISA trabalha lado a lado com povos indígenas, e comunidades extrativistas, nossos parceiros históricos. Reorganizamos completamente nosso desde o início da pandemia, com o objetivo de contribuir com nossos parceiros para que eles sobrevivam. Elaboramos planos emergenciais para prevenção do coronavírus em parceria com as comunidades e parceiros com os quais atuamos, que levam em consideração as prioridades e demandas específicas de cada região.

Nosso objetivo é promover a saúde indígena, com distribuição de máscaras, testes e equipamentos, e projetos de telemedicina. Essas ações são feitas em parcerias com organizações que atuam na promoção da . Também estamos trabalhamos para que as comunidades não precisem sair de seus territórios. Doamos alimentos e cestas básicas com produtos locais, entregues já higienizadas, e estamos comprando e distribuindo itens básicos como utensílios e equipamentos para atividades regulares de pesca e colheita, além de produtos de higiene, como álcool em gel e sabão.

Fonte da matéria: https://www.socioambiental.org/pt-br

Dados de 17 de junho de 2020.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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