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Crime de racismo em concurso de Morrinhos: Punição é a resposta certa

Os responsáveis pelo conteúdo racista da prova de concurso da Prefeitura de Morrinhos, em , devem ser exemplarmente punidos. Afirma a coordenadora nacional do Unificado (MNU) Iêda Leal. “Não podemos mais conviver em uma sociedade onde o crime de é a todo momento praticado e ao mesmo banalizado. Os racistas não podem ficar impunes”.raciscmo3

A prefeitura de Morrinhos e a empresa Consultoria Público-Privada (Consulpam) são as responsáveis pela prova do concurso que foi aplicada no dia 15 de janeiro de 2018 e foram denunciadas pelo crime de racismo.

Na categoria conhecimentos gerais, a prova trouxe o texto com o título “Qual a origem do Racismo?” E na questão 10 apresentou nas alternativas de respostas uma apologia negativa do negro. Ladrão, bandido, animal. As alternativas tinham como único propósito a desumanização da raça negra. racial que atingiu milhares de cidadãos brasileiros; maioria da população.

Na sala do concurso, Hélio de Araújo Júnior sofreu diretamente o ataque. Ele é um dos mais de três mil candidatos que fizeram a prova. Constrangido, humilhado, massacrado, discriminado. Relatou que enfrentou os risos e a chacota das pessoas que estavam na sala com ele respondendo a prova. Revoltado, foi à delegacia e denunciou o racismo à polícia. “Foi uma coisa muito discriminatória”, afirmou.

“A legislação tipifica o racismo como crime. Exigimos a sua aplicação. Não podemos admitir atitudes racistas na sociedade do século XXI. Os crimes de racismo não podem ficar impunes”, enfatiza a coordenadora do MNU. A entidade apresentou representação ao Ministério Público de Goiás pedido apuração rigorosa do caso.

Para cobrar agilidade na apuração do inquérito, instaurado pelo MPGO para investigar o caso de racismo no concurso de Morrinhos, a coordenadora Ieda Leal e representantes do MNU se reuniram, no dia 29/01, com o procurador-geral de Justiça, Benedito Torres Neto, e a coordenadora do CAO de , Patrícia Otoni. “Queremos o MP como parceiro dessa luta contra o racismo”, frisou Leal.

O MNU repudia e lutará fortemente para impedir que casos como esses acorram. É preciso destacar o posicionamento de Hélio que, mesmo com todas as barreiras, teve a coragem de denunciar. “Foi muito difícil denunciar, você chega num órgão público e as pessoas acham isso normal. O Ministério Público da minha cidade me disse que não viu crime algum nisso”, relatou Hélio ao site de notícias “Curta Mais”, o primeiro a divulgar o caso de racismo. Reagir ao racismo é instrumento de contra essa violência racial, que massacra negros e negras neste país.

Na prova do concurso, a única resposta correta era “negro não é gente”.

A empresa organizadora do concurso não viu nada de errado. A prefeitura considerou simples falha. E para as autoridades que têm o dever de que cumprir a lei?

Esperamos providências.

Racismo é crime.

Tipo: Inafiançável e imprescritível.

A prova cabal: Questão 10.

Vítima: Hélio, Joaquim, Fernanda, Marias e milhares de negros e negras.

Pena: 3 anos de reclusão.

Crime: Racismo.

Testemunha: Sociedade.

Qual a alternativa correta para essa questão? Punição.

Reaja à Violência Racial.

Basta de impunidade!!!

Movimento Negro Unificado (MNU). Material enviado por Iêda Leal

 

Iêda Leal –
Professora da Rede Pública de Ensino, Secretária de combate ao racismo da CNTE, Coordenadora do C. R. Lélia Gonzales, Tesoureira do e Vice-presidente da CUT – GO

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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