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David Miranda celebra a adoção dos filhos: “Momento histórico. Somos resistência. Falar que LGBTs têm família é muito importante!”

Deputado federal comemora adoção de filhos:’Momento histórico’

Para David Miranda a concretização do antigo desejo de ser pai merece ser compartilhada, não só como celebração, mas também como atitude política: ‘Falar que LGBTs chegam ao poder e têm família é importante para representatividade’, explica

Por: Beatriz Perez/odia

Rio – O deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) e o jornalista Glenn Greenwald comemoram o primeiro fim de semana após a conclusão, na sexta-feira, do processo de adoção dos dois filhos João Victor, 11 anos, e Jonathas, 9. O parlamentar que ocupa na Câmara dos Deputados o cargo deixado por Jean Wyllys interrompeu uma brincadeira na piscina do hotel em Maceió, Alagoas, onde está hospedado com a família para conversar com a reportagem do DIA.

O parlamentar celebra a concretização do antigo desejo de ser pai: “Agora eles têm o nosso nome e uma nova certidão de nascimento. São nossos filhos legítimos. Foi um momento histórico para as nossas vidas”. Além do lado afetivo, compartilhar a adoção também é uma atitude política.

“A nossa família está em risco (pelos números de LGBTfobia) neste país. Somos . Falar que LGBTs chegam ao poder e têm família é muito importante para outros LGBTs. Representatividade importa muito”, ressalta.

O parlamentar conta que em nenhum momento as crianças resistiram a conhecer a ele e a Glenn Greenwald – hoje chamados pelos filhos de pai David e de pai Glenn – pelo fato de serem um casal homoafetivo. “O abrigo avisou a eles que dois pais queriam adotá-los. Na semana em que seríamos apresentados, alguns meninos fugiram do abrigo e o João Victor falou que não fugiria porque tinha dois pais que iriam adotá-los”, conta.

Glenn Greenwald @ggreenwald:  Today @davidmirandario and I were in a family court in Northeastern Brazil to complete the final legal step of our adoption. I didn’t expect it to be so amazing. One of the best moments of our lives.

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Processo de adoção durou pouco mais de dois anos – Reprodução/ Facebook

Pais de meninos apaixonados por Maceió, David Miranda diz que pretende levá-los regularmente à natal para que mantenham os vínculos. “Ao chegar no hotel, o João apontou pra janela e disse pro Glenn: ‘Olha, Maceió é linda’. Não queremos que eles esqueçam que são nordestinos. Eles têm uma antes da gente. Essa história é viva e queremos que eles continuem lembrando de suas “, acrescenta.

O deputado federal pelo PSOL conta que pretende usar o mandato na Câmara dos Deputados para enfrentar o desamparo de jovens que completam 18 anos em abrigos sem ter para onde ir. “Muita gente adota bebê ou filho único e quem não se enquadra neste perfil acaba ficando no abrigo até atingir a maioridade”.

Ele conta que prepara dois projetos de lei para atender a estes jovens. Um deles é determinar que empresas que tenham mais de cinquenta funcionários tenham jovens aprendizes que venham de periferias e abrigos. O outro pretende desenvolver uma espécie de hostel para abrigar estes jovens até que completem pelo menos 21 anos. “A gente pode fazer este trabalho no âmbito federal para ajudar estes jovens a construir a vida adulta e evitar que caiam na criminalidade, muitas vezes o único trabalho que lhes é oferecido”, finaliza.

Fonte: https://odia.ig.com.br/brasil/2019/03/5628774-deputado-federal-comemora-adocao-de-filhos—momento-historico.html

1 david glenn 10332975O deputado federal David Miranda (PSOL) e o jornalista Glenn Greenwald com os filhos João Victor e Jonathas – Reprodução/ Facebook
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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