Desemprego tem menor taxa desde 2014; informalidade ainda preocupa
Embora os números sejam encorajadores, vale ressaltar que a taxa de informalidade ainda se mantém alta, atingindo 39,2%
Por Mídia Ninja
Após o saldo negativo da era Temer e Bolsonaro, a economia brasileira apresentou sinais de recuperação no último trimestre, com impacto direto na taxa de desemprego do país. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (28), a taxa de desocupação registrou um índice de 8% no segundo trimestre.
Esse é o melhor resultado para a taxa de desemprego no mesmo período desde 2014, alcançando um patamar de 6,9% naquela ocasião. A redução de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, entre janeiro e março (8,8%), é um indicativo promissor para a economia do país.
O contingente de desempregados teve uma significativa queda de 8,3% em relação ao trimestre anterior, chegando a 8,6 milhões de pessoas. Em comparação com o último trimestre do ano passado, houve uma diminuição de 785 mil pessoas no número de desocupados. Em relação ao mesmo período de 2022, a redução é ainda mais expressiva, chegando a 14,2% ou aproximadamente 1,4 milhão de trabalhadores a menos desempregados.
O total de brasileiros empregados também apresentou um crescimento animador, com um aumento de 1,1% em relação ao trimestre anterior, totalizando 98,9 milhões de pessoas ocupadas. Esse crescimento foi ainda mais notável na comparação anual, onde houve um acréscimo de 0,7%, correspondendo a 641 mil novos trabalhadores inseridos no mercado.
Um dos aspectos interessantes apontados pela pesquisa é o destaque do emprego sem carteira assinada como fator de crescimento da ocupação. O contingente de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada registrou um crescimento de 2,4% na comparação trimestral, totalizando 13,1 milhões de pessoas. Enquanto isso, o grupo de trabalhadores com carteira assinada no setor privado se manteve estável no trimestre, mas mostrou um crescimento significativo de 2,8% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, com um total de 36,8 milhões de pessoas empregadas nessa categoria.
Embora os números sejam encorajadores, vale ressaltar que a taxa de informalidade ainda se mantém alta, atingindo 39,2%. Isso representa um desafio para o mercado de trabalho brasileiro e evidencia a necessidade de políticas que estimulem a formalização dos empregos.
A redução da taxa de desemprego sinaliza uma possível retomada do crescimento econômico, trazendo esperança para os trabalhadores e o país como um todo. Porém, é fundamental que o governo, empresas e sociedade continuem empenhados em promover o desenvolvimento sustentável do mercado de trabalho, buscando soluções para o aumento da formalidade e proporcionando melhores oportunidades de emprego para todos os brasileiros.
Fonte: Mídia Ninja Capa: Agência Brasil
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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