Goiás promove o desmonte do funcionalismo público

Governo de quer acabar com a licença-prêmio, quinquênio e mandato classista. Projeto que destrói direitos dos/as servidores/as já está na Assembleia Legislativa de Goiás…

Por Bia de Lima

Em mais uma tentativa de culpar os/as servidores/as públicos/as pelas mazelas do Estado, o Governo de Goiás encaminhou à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), um projeto que altera o estatuto dos/as servidores/as e com esta medida busca acabar com direitos importantes como licença-prêmio e o quinquênio, além de acabar com o mandato classista, como uma forma de fragilizar os . Todas estas medidas nefastas estão contidas no da Reforma Administrativa tramita na Alego.

A licença-prêmio é o benefício que concede aos/as servidores/as públicos/as um período de descanso de três meses a cada cinco anos de efetivo trabalho. Já o quinquênio é uma porcentagem de gratificação incidente sobre o vencimento e incorporado à remuneração, após cada cinco anos de efetivo exercício prestado. Por sua vez, o mandato classista consiste na licença remunerada concedida para o desempenho de mandato em confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão.

É importante salientar que todos esses direitos estão garantidos na Federal e foram conquistados com muita luta dos/as servidores/as públicos/as, que se desdobram para exercerem suas funções com excelência, dedicação e muita competência.

O Governo de Goiás trabalha a todo momento para vender a ideia de que os/as servidores/as públicos/as, recebem bons salários, trabalham pouco, se aposentam com condições especiais e privilegiadas, o que é não é verdade! A maioria dos/as servidores/as, principalmente os/as profissionais da Educação, possui baixos salários e sobrecarga de trabalho. A administração de Goiás precariza e desvaloriza o trabalho fundamental destes/as profissionais e impõe retrocessos que terão impactos profundos na dos/as servidores/as e consequentemente na .

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Para além da defesa dos/as profissionais da Educação, como presidenta eleita também da Central Única dos em Goiás (CUT/GO), sigo lutando por todos/as os/as servidores/as públicos/as que sofrem com as medidas equivocadas e maldosas do Governo de Goiás. O ano de 2019 começou com o atraso do salário de dezembro/18 e se arrastou até agosto/19 quando foi totalmente  resolvido, um completo descaso! Agora, no final do ano, época em que nós trabalhadores/as estamos nos preparando para as festas de fim de ano, somos apunhalados com tantas propostas de reformas que só prejudicam a nós, servidores/ as públicos/as. São cortes, achatamento de carreira, perda de direitos e a tentativa de enfraquecimento do movimento sindical.

Me pergunto se somos nós professores/as,administrativos/as, profissionais da saúde, , policiais militares e civis, fiscais, e mais tantas outras categorias fundamentais para o giro da máquina estatal, os/as verdadeiros/as culpados/as pela calamidade financeira do Estado?
O fato é que recebemos menos do que realmente merecemos e estamos sendo culpabilizados/as e penalizados/as pela ingerência das administrações que geriram o Estado de Goiás.

Mais do que fundamentais, nós servidores/as públicos/as somos necessários/as para a população e não somos vilões! Também por isso, merecemos a manutenção dos nossos direitos, o reconhecimento devido e a remuneração adequada. Dessa forma, conclamo a mobilização de todos/as os/as servidores/as públicos/as de Goiás, especialmente os da Educação, para que tais absurdos não sejam cometidos contra nós trabalhadores/as! Vamos à luta!

 


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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