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Desumana Reforma da Previdência corta direitos e amplia desigualdade

Desumana Reforma da Previdência corta direitos e amplia desigualdade

“Sob argumento de um pretenso desequilíbrio das contas , proposta pretende implantar no Brasil uma era em que direitos são retirados”, criticou Costa
 

O plenário do Senado concluiu, nesta terça-feira (22), a tramitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 6/2019) – Reforma da Previdência– sem nenhuma alteração. Os quatro destaques apresentados pela Oposição na tentativa de reduzir os danos da proposta foram rejeitados. Assim, a matéria segue para promulgação.

“Sob o argumento de um pretenso desequilíbrio das contas da Previdência, essa proposta pretende implantar no Brasil uma era em que direitos são retirados e os valores das aposentadorias e pensões por morte serão reduzidos de forma intensa. Se dificulta de todas as maneiras o acesso aos benefícios da Previdência Social e, com toda certeza, vão aprofundar o quadro de e a  econômica”, criticou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

O vice-líder da bancada, senador Rogério Carvalho (SE), criticou a desonestidade no discurso dos defensores da reforma. O senador lembrou que os recursos retirados dos não poderão ser redirecionados para outras áreas do orçamento por conta das restrições impostas pela Emenda Constitucional 95 (Teto de Gastos).

“O Brasil vai sentir a retirada desses R$ 800 bilhões da  ao longo dos próximos dez anos. E esse recurso não pode ir para a  pública, para a  pública e para os por conta da emenda constitucional 95 que impede o aumento do gasto público. É mais uma equivocada que é passada para o ”, criticou.

Um dos destaques rejeitados, apresentado pelo PT, visava permitir que os trabalhadores que exercem atividades perigosas (vigilantes armados, eletricistas de alta voltagem, entre outros) pudessem reivindicar a aposentadoria especial. Outro destaque apresentado pelo PROS pretendia permitir a conversão de tempo especial em comum para fins de aposentadoria.

Com isso, quem trabalhou em atividades insalubres ou perigosas poderia levar esse tempo para aposentadoria comum com acréscimo que pode chegar a 40%. Já o destaque apresentado pela Rede desvinculava a exigência do cumprimento da idade mínima para conseguir o direito à aposentadoria especial.

“Atualmente se o trabalhador tem dez anos de atividade em área insalubre e o médico o proíbe de permanecer atuando na área, ele leva um adicional de 40% no cálculo da aposentadoria. Ele teria então 14 anos de contribuição. Com as novas regras, esse cálculo desaparece. Todos perderão com essa reforma”, destacou o senador Paulo Paim (PT-RS).

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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