Dinamarca anuncia entrada no Fundo Amazônia, com doação de R$ 110 mi
Contribuição deve ser feita entre 2024 e 2026, mas ainda precisa ser aprovada pelo parlamento dinarmarquês. Aportes internacionais já somam R$ 3,4 bi em 2023.
Por Cristiane Prizibisczki/O Eco
O governo dinamarquês anunciou na tarde da última terça-feira (29) uma proposta de contribuição ao Fundo Amazônia, no total de 150 milhões de coroas dinamarquesas, ou cerca de R$ 110 milhões.
O anúncio foi feito pelo ministro de Cooperação para o Desenvolvimento e Política Climática Global da Dinamarca, Dan Jørgensen, após encontro com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudanças do Clima), em Brasília.
Segundo comunicado conjunto, a entrada da Dinamarca no mecanismo se dá após os bons resultados alcançados pelo governo atual no combate ao desmatamento. A doação, no entanto, ainda precisa ser aprovada pelo parlamento dinamarquês, com repasses previstos para o período de 2024 a 2026.
Os recursos devem ser usados no financiamento de projetos e iniciativas que contribuam para a redução do desmatamento, a proteção da biodiversidade, a melhoria das condições de vida das comunidades locais e a promoção do desenvolvimento sustentável no Brasil, em conformidade com as diretrizes aprovadas pelo Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA).
Desde janeiro, quando o mecanismo foi retomado, seis países passaram a integrar o Fundo Amazônia. Além dos doadores históricos – Noruega e Alemanha – com a chegada de Lula ao poder, Reino Unido, França, Espanha, Estados Unidos, Suíça e agora Dinamarca manifestaram sua disposição em doar.
O mecanismo também deve receber doações da Comissão Europeia – instituição independente que representa o bloco de países da União Europeia. O total de doações chega, atualmente, a R$ 3,4 bilhões.
Cristiane Prizibisczki – Jornalista. Fonte: O Eco. Foto: MMA.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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