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Direitos humano

DIREITOS HUMANOS: PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA

: para que nunca mais aconteça

Celebrado anualmente em 10 de dezembro, o Dia Internacional dos Direitos Humanos é um dia para a comunidade global relembrar que a garantia efetiva dos direitos humanos – a todos os povos e nações – requer vigilância contínua e participação coletiva.

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Uma data para reivindicarmos ações concretas de todos os Estados para o cumprimento dos compromissos assumidos com a garantia dos , políticos, sociais e ambientais.

Neste ano de 2014, o Dia Internacional de Direitos Humanos no Brasil foi celebrado também em Brasília, com a entrega do relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV) à presidenta Dilma, em cerimônia oficial no Palácio do Planalto. Resultado de dois anos e sete meses de trabalho, o documento confirma 434 e desaparecimentos de vítimas da no país. Entre essas pessoas, 210 continuam desaparecidas.

Para Pedro Dallari, presidente da Comissão, as graves violações dos direitos humanos documentadas no Relatório servirão para honrar a daqueles que foram violentados durante a Ditadura. De acordo com Dallari, ao permitir que a brasileira conheça melhor seu passado, o relatório entregue contribui também para o futuro. “Este momento é um marco. [A verdade] permite o conhecimento, a verdade, ao se apurar os fatos todos, permite que a sociedade conheça a si própria, conheça ao Estado. E quem se conhece melhor é capaz de planejar e ter um futuro melhor”, analisou.

Conheça e acesse o relatório final da CNV: bit.ly/relatoriofinalcnv

“Tornar público este relatório nesta data [Dia Internacional dos Direitos Humanos] é um tributo a todas as e homens do mundo que lutaram pela liberdade e pela e, com essa luta, ajudaram a construir marcos civilizatórios e tornaram a humanidade melhor”.Dilma Vana Rousseff – Presidenta do Brasil

“Junto-me ao Brasil para honrar a memória daqueles que sofreram como resultado das brutais e sistemáticas violações dos direitos humanos que ocorreram entre 1964 e 1988. Convoco a todos os envolvidos a divulgar as descobertas e as recomendações do Relatório Final da forma mais extensa possível. Todas as vítimas têm o direito de saber a verdade sobre as violações que sofreram. Conhecer a verdade oferece às vítimas e aos seus familiares a possibilidade de fazer as contas com o passado sobre a sua perda e o seu pesar. Isso lhes proporciona dignidade e pelo menos uma pequena reparação pelas suas perdas e pelo seu sofrimento.”Ban Ki-Moon – Secretário Geral das Nações Unidas

“O dia de hoje acho que é o resultado – principalmente para mim que eu sou familiar de uma vítima –, o fim de um ciclo de décadas de luta para que o Estado brasileiro passe a limpo a nossa . Mas passe a limpo não somente para nós familiares, que passe a limpo e torne público essa história para aqueles que não viveram”.Ivo Herzog – Filho de Vladmir Herzog, jornalista assassinado no período da ditadura militar.

https://xapuri.info/cimi-relatorio-violencia-povos-indigenas/

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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