Eclipse: Em pouco mais de dois minutos. Nada mais que isso!

Eclipse: Em pouco mais de dois minutos. Nada mais que isso!

Por: Félix Fontele –

Ela, a faceira Lua, colocou-se entre a Terra e o Sol e apagou, por alguns instantes, o facho fogoso do astro rei, ou pelo menos impediu-o de chegar por aqui. Até o sol tem seu momento sinistro, no puro estilo “estou fechado para balanço”. Ainda mais do nosso ponto de vista, de habitantes de quinto do sistema solar, tão pequeno e insignificante em termos cósmicos, de que o sol se escondeu atrás da lua. Ele que pode abrigar mais de 1 milhão de terras. Mas a brava e miúda lua, igual Davi a enfrentar o gigante Golias, tem também átimos de glória.

Prato cheio para astrólogos e espiritualistas com seus porta-vozes a disseminarem impressionantes notícias pela internet e pelos meios de comunicação em torno do eclipse solar. Em clima de suspense, alguns previram que, após a tênue escuridão, virão mais turbulências em nosso já combalido e sofrido planeta, especialmente lá para as bandas dos Estados Unidos, onde o fenômeno foi total e intenso, podendo, inclusive, desarrumar a claudicante cabeleira de Donald Trump.

Eu mesma entrei na onda e, às 15h em ponto, juntei-me a uma corrente de oração pela paz mundial e meditei profundamente, a esvaziar a mente e a deixar os reinos do silêncio, da plenitude pacífica e da tomarem conta de tudo, enquanto ouvia somente o canto dos passarinhos.

Logo lembrei-me da mensagem de uma amiga que mora nos Estados Unidos dizendo que, pela manhã, as pessoas acotovelavam-se nas lojas por um par de óculos apropriado para se ver o eclipse. E que outras acreditavam, piamente, que essas sombras estão associadas ao Apocalipse de São João, o qual cita o aparecimento de “uma vestida de sol sobre a Lua….” como sendo o prenúncio do final dos tempos.

Previsões à parte, o certo é que, na meca do , na sociedade massificada de consumo americana, os olhos de todos voltaram-se hoje para os céus. Depois, claro, da gastança insuflada pela indústria do entretenimento, a anunciar, incessantemente, que, pela primeira vez, em 99 anos, um eclipse total iria cruzar os EUA de costa a costa! Enfim, mais um dia se vai. Contudo, fiquei mais calma, a esperar que a chuva caia por aqui e minimize a abrasadora que nos envolve, pois o nublou.

ANOTE AÍ:

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Maria Félix Fontele, poetisa, jornalista, editora, escritora e ghost writer na empresa  Marianete, trabalhou como chefe de reportagem no jornal Correio Braziliense, da capital federal do e também no Governo do Distrito Federal. Maria Felix Fontele é casada com o e cordelista Gustavo Dourado, presidente de Academia Taguatinense de Letras do Distrito Federal, com Gustavo Dourado, com quem tem dois filhos: Gustavo e Elias.
Foto interna: Maria Félix Fontele

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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