Sintego realiza Congresso marcado pela coragem

Sintego realiza Congresso marcado pela coragem

O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem!” Guimarães Rosa

A Educação corre perigo. A ameaça da perda de direitos ante uma conjuntura nacional golpista e uma realidade local de ações concretas para desorientar a vida dos e das profissionais da Educação esquentou os quatro dias de debates do 10º Congresso do Sintego, realizado no Centro de Convenções de Goiânia, entre os dias 10 e 13 de novembro deste ano da graça de 2016.

Durante quatro dias, o presente e o futuro dessa Educação que corre perigo foi debatido pelos 1.500 profissionais que se deslocaram de todos os rincões de Goiás, vindos de 36 Regionais do Sintego para, em clima de diálogo franco, mas também, e principalmente, de muita gentileza, participar do “Congresso Izabel Cristina Ortiz”, em homenagem à saudosa mestra que, em vida foi incansável defensora do Sintego e destemida lutadora pelos direitos da Educação goiana.

O “aperta” do Congresso contou com o estímulo de palestrantes como os educadores Daniel Cara e Emir Sader, o sindicalista João Felício, o jornalista Paulo Henrique Amorim, os debatedores e debatedoras das várias mesas temáticas de diálogo. O “esfria” ficou por conta das diversas atrações culturais, do baile da saudade, do salão de beleza, das “pracinhas” com prosa e sorvete, da banquinha de artesanato, do espaço mulher, e das muitas rodas de prosa.

Para Bia de Lima, presidenta do Sintego, esse foi o Congresso da Coragem: “Entre um pouco de “sossega” e um muito de “desinquieta”, nossa categoria confraternizou muito, discutiu muito e, sem medo, enfrentou a pauta proposta. Com coragem, tratamos das maldades do governo ilegítimo de Michel Temer, da ofensiva de privatização do ensino pelo governo de Goiás. Sem medo, assumimos da defesa de uma escola sem preconceito, sem homofobia, sem racismo e laica”.

No Congresso da Coragem, “sem medo denunciamos a falta de concurso público, a precarização do ensino, o desmonte da educação inclusiva, a necessidade de investimentos para Escola de Jovens e Adultos e na Educação no Campo. Sem medo, nossa categoria aprovou e ampliou o Plano de Lutas para 2017-2020, pois os trabalhadores em Educação sabem que o que está por vir é uma luta de vida ou de morte,” completou Bia de Lima em seu balanço dos resultados do 10º Congresso.

 UM SINDICATO QUE NÃO SE CURVA

O discurso de Bia de Lima na cerimônia de abertura do Congresso, na noite do dia 10, no Teatro Rio Vermelho, marcou o tom de resistência do encontro: “Gostaria de dizer aos prefeitos e prefeitas, ao governador de Goiás (Marconi Perillo, do PSDB) e ao presidente golpista Michel Temer (PMDB) que governo nenhum vai massacrar os direitos do servidor público. Nossa resposta está pronta. Já temos mais de mil escolas ocupadas. Vocês não vão conseguir empurrar a PEC 55 e nem reformar a grade curricular do Ensino Médio. Não vamos nos curvar.”

O recado foi dado ante uma plateia lotada de professores, professoras, administrativos, administrativas, imprensa e autoridades nacionais, estaduais e municipais, como o presidente da Confederação Sindical Internacional, João Felício, a secretária de Combate ao Racismo da CNTE, Iêda Leal, a deputada estadual, Adriana Accorsi (PT), Madison Veiga, representando o deputado federal Rubens Otoni (PT), presidente da CUT em Goiás, Mauro Rubem, vereador Carlos Soares (PT), representando a Câmara Municipal de Goiânia; o secretário executivo Marcos Elias Moreira, representando o Conselho Estadual de Educação, secretário municipal de Educação de Aparecida de Goiânia, Domingos Pereira da Silva, a secretária municipal de Educação de Goiânia, Neyde Aparecida, o professor Santana, representando o Sinpro, e a presidente da regional do Sintego de Formosa, Kátia Viviane, representando todas as regionais sindicais.

Coragem

Na mesma noite e nos dias que se seguiram, os principais palestrantes enfatizaram a capacidade de luta e resistência do Sintego. “Um Congresso como este oferece um espaço de resistência extraordinário. O recado é inequívoco: aos educadores de Goiás não falta coragem. Parabéns ao Sintego por sua capacidade de mobilização, de organização e de luta”, assim expressou o professor Emir Sader logo após proferir a “aula inaugural” do Congresso com o tema: “O Brasil e os riscos que corre a Educação Pública”.

Luta

João Felício, da direção nacional da Central Única dos Trabalhadores-CUT, ressaltou o compromisso do Sintego com a luta para derrotar a política de privatização e o desmonte da Educação. “Já faz dez anos que não vinha a Goiás e, agradecendo o convite para falar neste Congresso, confesso minha alegria por ver a Bia e os demais companheiros e companheiras firmes na luta para garantir aos profissionais da Educação em Goiás o direito a uma carreira, a uma vida digna, à cidadania plena”, declarou o sindicalista.

Estratégia

Didático, o professor Daniel Cara chamou a atenção, sobretudo, pela sólida e competente estrutura de gestão do Sintego: “Venho acompanhando com atenção os embates do Sintego e as muitas dificuldades que enfrenta no trato com o governo de Goiás. Sei, inclusive, do atraso dos repasses para o Sintego. Mesmo assim, vocês organizam um encontro desses. Parabéns, Bia, parabéns, equipe do Sintego, por conduzirem o Sindicato de forma tão competente. Vocês são um exemplo para os Sindicatos e para os movimentos sociais brasileiros”.

“Enfrentar a máquina do governo local, totalmente respaldada pelo ilegítimo governo nacional golpista que se instalou em Brasília e denunciar a militarização das escolas, as inúmeras tentativas de privatização do ensino, a violação dos direitos humanos, a falta de compromisso com o pagamento do Piso e da Data Base… mobilizar a categoria, partir para as ruas, e enfrentar sem medo a luta política é coisa pra gente de muita coragem”, declarou o jornalista Paulo Henrique Amorim.

PLANO DE LUTAS 2017-2020

Depois de três dias de debate acalorado sobre os mais diversos temas – das Relações Etnorraciais ao Combate ao Racismo e à Homofobia por meio da Educação; da Terceirização e Privatização do Ensino público via OS ao adoecimento precoce dos e das profissionais da Educação pela Precarização das condições de trabalho; da defesa da Educação Infantil, da EJA e do Ensino Médio à Qualidade de Vida dos Aposentados aos desafios da Educação no Campo; da defesa de uma Política para as Mulheres a um compromisso irrestrito com uma Educação laica e inclusiva, Sintego estava pronto para aprovar seu Plano de Lutas 2017-2020.

“A luta vai ficar mais árdua agora, além de todas as outras questões de valorização profissional, defesa de plano de carreira de professores e administrativos da Educação, nós precisamos nos reorganizar para ficarmos cada vez mais próximos. Diante de um governo que só visa a retirada de direitos, temos que estar em todos os lugares possíveis para defender a Educação”, destacou a secretária de Combate ao Racismo da CNTE, Iêda Leal de Souza, ao defender as propostas do Plano de Lutas.

Discutidas e aprovadas as 61 propostas estratégicas apresentadas pelo conjunto dos e das congressistas, o Plano de Lutas reflete, segundo Iêda Leal, “o compromisso da categoria com a luta contra a redução salaria, o congelamento de 20 anos dos investimentos da Educação, recém-aprovados pelo Senado Federal com a aprovação da PEC 55, e com a garantida de direitos para que nunca se perca a dignidade da Educação.”

Outro ponto de destaque foi a criação da Secretaria da Diversidade Sexual, cuja efetivação irá ampliar a luta contra a homofobia nas instituições de ensino.

Aprovado o Plano de Lutas, e tendo em vista a necessidade de fortalecer os instrumentos institucionais para a execução do Plano de Lutas aprovado, o 10º Congresso aprovou, também, alterações no Estatuto do Sindicato, como as diretrizes para a organização das eleições da nova direção, adequando-se às orientações da CUT e da CNTE, às quais o Sintego é filiado.

No encerramento do Congresso, ao anunciar a premiação com um carro zero para Marilda Maria Campos Jubê, da Cidade de Goiás, vencedora da Campanha de filiação e recadastramento realizada em 2016, Bia de Lima agradeceu a participação da categoria e ressaltou, uma vez mais, a importância do Congresso como espaço de decisão política e de troca de conhecimento: “A atuação do nosso Sindicato vai além da busca por melhorias   e garantia dos direitos dos trabalhadores. Aqui,  o trabalho e a contribuição de cada filiado é essencial para o fortalecimento da categoria. A luta daqui pra frente vai ser tornar cada vez mais difícil. Mas estamos prontos. Somos um povo sem medo, o que não nos falta é coragem”, concluiu Bia de Lima.

Fotos: Acervo Sintego (www.sintego.org.br


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