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Educação: o melhor caminho para que nós sejamos livres

: o melhor caminho para que todas nós sejamos livres

A que chega à , mesmo que pequenina, traz consigo vivências. O dia a dia em casa, as experiências na comunidade. Em todos os espaços, ela capta e reproduz; inclusive os exemplos de machismo e sexismo…

Por Rosilene Corrêa

Não é raro ver crianças de 4 anos dizendo “isso não é coisa de menina”. Infelizmente, também não é raro ver meninas adolescentes de 14 anos ou menos vítimas de sexual – muitas vezes cometida por um homem da família.

Não é incomum ver meninas com a capacidade intelectual desacreditada. Afinal, não só seus corpos são atacados, mas também suas mentes. Muitas vezes, elas sequer sonham em ser astronautas, engenheiras, cientistas, presidentas, mesmo que estejam no espaço apropriado para aprender e poder ser o que quiserem.

É diante dessa realidade que educadoras e educadores precisam estar comprometidas(os) com a função social da escola. Nesse espaço, o desenvolvimento da formação intelectual é tão importante quanto o desenvolvimento do ser como humano.

O processo de aprendizado não deve estar restrito a letras e números. É preciso que o espaço da escola rompa com as estruturas sociais que condenam a não quererem muito; e formam homens que, pelo fato de serem homens, acham que podem mais. Aliás, é preciso que os meninos criem consciência de que os homens sempre puderam tudo, e que por isso têm tanta dificuldade em ter menos, ainda que seja um pouco menos.

É preciso sim que o espaço da escola ensine que mulheres não podem ser assediadas, mulheres não podem ser agredidas, mulheres não podem ser assassinadas. Isso deve ser definitivo, e nunca poderá ser tolerado.

É urgente que crianças e adolescentes aprendam que a premissa é sempre o respeito. Não existe “mas ela tava pedindo”, “mas olha a roupa dela” ou qualquer outra tentativa de justificar o injustificável. O não é não deve ser absoluto.

A escola precisa transpor de uma vez por todas os estereótipos, a reprodução dos modelos de opressão e a desigualdade cruelmente estabelecidos. E não se trata de ou . O que está em jogo é a civilidade, os , a vida.

Se o vem, desde 2017, em uma crescente de números e estatísticas lastimáveis quando o recorte são as mulheres, seja no , na divisão das atividades domésticas, nos dados sobre violência e assassinatos, que a reviravolta seja realizada por nós, educadoras e educadores, fazendo das escolas um espaço-resistência.

Que o currículo escolar traga muitas e muitas mulheres como referência; que os livros didáticos tenham vozes femininas; que a pluralidade seja comum em sala de aula.

A educação libertadora é o melhor caminho para que todas nós sejamos livres.

Rosilene Corrêa – Professora aposentada da rede pública de ensino do DF e dirigente do Sinpro/DF e da CNTE. Fonte: SINPRO-DF


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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