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Em carta, servidores do Ibama e do ICMBio cobram valorização por parte do governo

Em carta, servidores do Ibama e do ICMBio cobram valorização por parte do governo

Documento assinado por das duas autarquias explicita insatisfação com “deslealdade” do governo, “inerte” frente a reivindicações.

Por Gabriel Tussini/O Eco

Mais de 1500 servidores do Ibama e do ICMBio cobraram, em carta encaminhada nesta terça (5) ao presidente de cada autarquia, o cumprimento de demandas trabalhistas por parte do governo federal. Com negociações por valorização salarial paradas no Ministério da Gestão, os servidores prometem interromper o externo, como fiscalizações, realizando apenas serviço burocrático. Os signatários relembraram promessas “ambiciosas” de Lula para a área, mas alegaram que o governo os trata com “deslealdade”.

Além do reajuste nos salários, que os servidores cobram que seja equiparado aos de seus pares na Agência Nacional de Águas (ANA), a carta cita ainda a alta rotatividade nos dois órgãos – pois funcionários desmotivados com a remuneração tratariam as autarquias como “trampolim” para postos melhor remunerados –, o que agrava o déficit de pessoal na carreira. Como detalhou o Observatório do no início do ano, mais de 1500 postos de fiscais do Ibama e ICMBio, com cargo de analista ambiental, estão vagos em todo o país.

Na comparação com os salários pagos na ANA, os servidores das duas autarquias saem bem atrás. Enquanto um especialista em recursos hídricos e básico da agência reguladora ganha um salário inicial de R$ 15.058,12, um analista ambiental, também cargo de nível superior, ganha um salário inicial de R$ 8.817,72. De acordo com a carta, o governo está “inerte” frente às reivindicações da categoria de Especialista em , mesmo que esses servidores tenham tido “atuação decisiva” na queda de 22,3% no desmatamento na Amazônia, segundo os últimos dados do PRODES. 

O objetivo da paralisação das atividades externas, portanto, seria explicitar a importância do trabalho desses servidores, tanto no combate a crimes ambientais como nas vistorias para licenciamento em obras de infraestrutura. “Acreditamos que, em última análise, o governo compreenderá, em uma lição dura, que nossa categoria não é algo comum e, quando motivada, faz a diferença no protagonismo do nos fóruns mundiais”, completa o documento, que diz que é hora dos servidores lutarem “pelo reconhecimento que lhes é devido”.

Gabriel Tussini Estudante de jornalismo (UFRJ). Fonte: O Eco. Foto de capa: Ascom MMA/Flickr.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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