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Em encontro com brasileiros no México, Lula diz que irá recuperar o Brasil como fez em 2003

Em encontro com brasileiros no México, Lula diz que irá recuperar o Brasil como fez em 2003

Em encontro com brasileiros no México, Lula diz que irá recuperar o Brasil como fez em 2003

Em uma das últimas agendas de sua viagem ao México, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu no final da tarde desta quinta-feira (3), o coletivo de brasileiros Regina de Sena México-Brasil…

Por Tamy Imai Cenamo e Martha Raquel/via Brasil Popular

Em uma pequena reunião, Lula falou sobre a potência do Brasil e que pretende “colocar o pobre no orçamento do país”. O ex-presidente também declarou seu amor pela nação e disse que sua luta pelo resgate do país é incansável.
 
O encontro também teve a participação de representantes da Frente Internacional Brasileira contra o golpe (Fibra), do Seminário de estudos brasileiros da Universidade Nacional do México (Sembrar), do Coletivo Maya de brasileiros na República Dominicana e do Coletivo Passarinho de Buenos Aires, na Argentina.
 
Sobre a eleição deste ano, Lula se mostrou otimista, o ex-presidente afirmou que há muito a ser feito no Brasil agora, como havia em 2003. E reforçou que o aparente cenário pessimista será superado, assim como no seu primeiro mandato.
 
“Nós provamos que é possível o povo governar o país. Eu tenho consciência que nós não fizemos tudo, eu tenho consciência da dívida que nós temos com a sociedade brasileira. Eu tenho consciência hoje de quanto é possível fazer mais, mesmo com toda dificuldade que nós vamos pegar o Brasil. Pior do eu peguei em 2003, pior, muito pior”.
 
“Naquele tempo quando a gente pegou o Brasil em 2003, vocês eram muito jovens porque já faz 20 anos, mas naquele tempo diziam que a gente não podia governar o Brasil. O Brasil tinha 12% de inflação, 12% de desemprego, devia 30 bilhões de dólares ao FMI. O Brasil não podia pagar as suas importações. E o que que nós fizemos? Nós diminuímos a dívida pública.
 
Nós pagamos o FMI e depois emprestamos 15 bilhões pro FMI e ainda fizemos uma reserva de 370 bilhões de dólares que é o que sustenta esse país”, afirmou o ex-presidente.
 
“O Brasil nunca tinha tido antes reservas internacionais. É como se o Brasil estivesse fazendo uma poupança para garantir a tranquilidade do povo brasileiro.
 
Além de que geramos 20 milhões de empregos, muita gente que estava em outro país voltou pro Brasil pra trabalhar e hoje nós temos uma fuga que nunca tivemos de jovens e cientistas para trabalhar fora. Então eu quero que vocês nos ajudem a recuperar esse país”.
 
Acompanham o ex-presidente na comitiva e no encontro com os brasileiros a presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT) Gleisi Hoffmann, o senador Humberto Costa e os ex-ministros Celso Amorim e Aloizio Mercadante. A vereadora de Belém do Pará, Lívia Duarte (PSOL) que estava no México durante a passagem da comitiva de Lula, também participou do encontro.
 
“Como comitiva, temos recebido muita solidariedade do governo de Obrador”, pontuou Aloizio Mercadante durante a reunião. O ex-ministro relembrou os golpes na América Latina e citou os processos contra Rafael Correa, Evo Morales e Lula da Silva.
 
Na ocasião, Celso Amorim também falou sobre o prestígio que Lula tem recebido atualmente. “É emocionante e muito forte perceber que há 3 anos estávamos visitando Lula na prisão e agora ver Lula entrar nos palácios e ser recebido como nunca nenhum outro ex-chefe de Estado brasileiro foi recebido”.
 
Sobre a conjuntura política brasileira, Gleisi Hoffmann pontuou que ganhar a eleição em 2022 é uma obrigação. “Se Lula não ganhar, nós vamos ter uma situação muito crítica porque não tem hoje, do ponto de vista do nosso país e com reflexo na América Latina, alguém que possa conduzir a reconstrução do Brasil.
 
Diálogo com brasileiros que vivem no México o ex-presidente recebeu uma carta dos membros do Coletivo Regina de Sena México-Brasil questionando sobre os possíveis caminhos para reconstruir nossas sociedades sob outros parâmetros.
 
“Sua visita ao México ocorre sob a instabilidade de uma nova guerra, entre as muitas que assolam o nosso planeta e não contam com a condenação quase unânime da mídia ocidental. Uma guerra que inflama o ódio, a descrença no futuro e a exigência de soluções de força e destruição, em defesa de uma paz imaginária, que protege os poderosos e massacra a todos os demais. Como vencer esse ódio?”.
 
Na carta, os brasileiros pontuam que confiam que seja possível a negociação e o diálogo para substituir o ódio que alimenta a guerra e a destruição, e que é necessário enfrentar a tarefa de proteger a vida, preservar o planeta, lutar contra as desigualdades e, principalmente, vencer o ódio, através de novas formas de organização e luta, negociação e consensos”.
 
O coletivo surgiu logo após a vitória do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff. Regina Crespo, integrante do coletivo, classificou o encontro como emocionante, importante e fortalecedor.
 
“Nosso papel no país é fundamental para que os mexicanos possam ser informados por uma via que não seja a mídia hegemônica que é a alimentada pela mídia brasileira que é e continua sendo golpista, e contra os direitos dos trabalhadores, contra as conquistas sociais, enfim, contra o que a figura do próprio presidente Lula e o PT representam para o país.
 
Então foi super importante vê-lo, estar com ele e sentir que a nossa responsabilidade é maior e que nós vamos ganhar essa luta”.
 
Veja a íntegra da carta entregue ao ex-presidente Lula.

“Prezado Presidente Lula: 
Sua visita ao México ocorre sob a instabilidade de uma nova guerra, entre as muitas que assolam o nosso planeta e não contam com a condenação quase unânime da mídia ocidental.

Uma guerra que inflama o ódio, a descrença no futuro e a exigência de soluções de força e destruição, em defesa de uma paz imaginária, que protege os poderosos e massacra a todos os demais. Como vencer esse ódio?

Continuamos vivendo sob uma pandemia que já ceifou milhões de vidas. Nossas sociedades estão corroídas pela destruição econômica que aumentou exponencialmente a quantidade de miseráveis, enquanto concentrou a riqueza em ainda menos mãos.  Como reconstruir nossas sociedades sob outros parâmetros?

Sabemos que, no Brasil, os efeitos da pandemia têm sido nefastos.  Também sabemos que, em nosso país, os resultados da política de ódio que antecedeu a pandemia, e dela se aproveitou, da política de ódio que surgiu muito antes do golpe de 2016 e se consolidou com a eleição de Jair Bolsonaro, têm sido a destruição acelerada de anos de políticas públicas inclusivas, de um projeto de país e de nação menos injusto, de uma estrutura estatal soberana.

Em sua visita ao México, o senhor propõe uma nova agenda: a negociação e o diálogo para substituir o ódio que alimenta a guerra e a destruição. Enfrentar a tarefa de proteger a vida, preservar o planeta, lutar contra as desigualdades e, principalmente, vencer o ódio, requer construir novas formas de organização e luta, negociação e consensos. Confiamos que  isso seja possível e que o Brasil possa voltar a ter o papel de importância que já desempenhou.

Nós, brasileiros que construímos nossa vida profissional, familiar e afetiva no México, estamos preocupados com os rumos do nosso país e com a construção cotidiana de uma sociedade em que as diferenças não consolidem nem legitimem as suas desigualdades.

Embora longe, lutamos assiduamente pela manutenção da democracia, hoje tão golpeada, no Brasil. Buscamos familiarizar os mexicanos sobre os problemas dos brasileiros, numa perspectiva de diálogo e debate. Como latino-americanos, acreditamos na necessidade de construir um continente mais solidário. 

Comprometidos com o Brasil, nos manifestamos contra o golpe de 2016, analisamos junto aos meios de comunicação, acadêmicos e movimentos sociais mexicanos a deterioração política, social e econômica do país, saímos às ruas para protestar contra a sua prisão injusta, contra as manobras de um aparato judiciário corrupto e contra a eleição de um candidato que procura levar o Brasil ao abismo. 

Hoje, o recebemos com alegria e esperança.  A luta para deter o fascismo requer as ferramentas do diálogo e do acordo, mas também exige firmeza.  Reconstruir o Brasil requer a derrota do fascismo, com novas perspectivas de ação: educação, ciência, saúde e meio ambiente pensados com todos e para todos. Este será nosso grande desafio”.

Discurso na Câmara dos Deputados e no Senado 

Lula discursou na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos do México e no Senado do país. Na 2ª Assembleia Ordinária da Associação dos Legisladores do Morena (Movimento de Regeneração Nacional) e partidos aliados, o ex-presidente Lula reforçou a necessidade de atuar em prol da paz e citou o conflito entre Rússia e Ucrânia.

“A humanidade precisa entender que a única guerra verdadeiramente justa é a guerra contra a desigualdade. E no entanto, alguns seres humanos em posição de poder fazem de tudo para produzir ainda mais desigualdade e mais sofrimento”, disse.

Lula descreveu os governos petistas no Brasil como agentes de uma revolução pacífica. “Conjugamos desenvolvimento com inclusão social, estabilidade econômica, respeito pleno ao Estado de direito, aos direitos humanos e às liberdades individuais e coletivas. Governamos para todos, mas construindo políticas públicas voltadas especialmente para os mais pobres”.

Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, também ocupou o púlpito e discursou sobre a importância de estreitar laços entre países da América Latina. “Quero agradecer de coração esta oportunidade de falar à Câmara dos Deputados, neste momento crucial para o futuro da América Latina e da construção de um mundo multipolar”, pontuou. 

Encontro com Obrador, presidente do México 

Lula se encontrou com o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador na sede do governo, na Cidade do México.

Segundo o ex-presidente, o encontro teve como pauta a necessidade da paz no mundo e a luta por justiça social, combate à fome e irmandade da América Latina.

Obrador publicou em suas redes sociais uma foto ao lado de Lula. “Fraterno encontro com Lula. Nos une a irmandade de nossos povos e a luta pela igualdade e pela justiça”, escreveu. 

Fraterno encuentro con Lula. Nos une la hermandad de nuestros pueblos y la lucha por la igualdad y la justicia. pic.twitter.com/K4b2wnJdH9 — Andrés Manuel (@lopezobrador_) March 2, 2022

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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