Em memória de Rosita

Em memória de Rosita Mascarenhas Watkins e suas duas filhas, Carla e Michelle

É com imenso pesar que nos despedimos de Rosita Mascarenhas Watkins e suas duas filhas, Carla Mascarenhas Watkins e Michelle Mascarenhas Watkins, neste domingo (10), às 15 horas, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília.

Entretanto, na terça-feira (12), às 19 horas, entes queridos e familiares voltarão a se reunir no Santuário Santo Antonio (SGAS 911, W5 Sul, Brasília) para relembrar e celebrar as suas vidas, memórias e o amor inesquecível que partilharam com todos nós. 

Rosita com seu pequeno neto, filhos e amigos.

Rosita foi mãe muito jovem, a vida exigiu dela diversas mudanças, ela reinventava a si mesma várias vezes. Trabalhou como promotora de eventos, fomentou inúmeros projetos sociais, fez parte da causa indígena, era empresária, cuidava de toda a família, que parecia só crescer porque ela adotava todo mundo como membro da família dela.

Ela foi uma grande mulher e ativista, atuou em diversos projetos, em uma das suas últimas publicações ela manifesta apoio ao trabalho da Associação Cruz de Malta:

Amigos,
Aqui estou eu novamente pedindo a colaboração de vocês para mais um evento para as obras da Cruz de Malta.
A Associação Cruz de Malta é uma entidade beneficente de assistência social que administra seis creches no DF, com unidades em Samambaia, Asa Norte e Ceilândia, oferecendo de forma totalmente gratuita educação a 1.138 crianças em período integral, na maioria filhos de empregados domésticos, prestadores de serviços terceirizados e também de pais desempregados. O grande diferencial dessa instituição é que, ao contrário das outras creches públicas, presta assistência a crianças desde os quatro meses até os quatro anos de idade. A essas crianças, a CMa disponibiliza cinco refeições diárias totalmente livres de produtos industrializados/processados, de açúcar, de carboidratos simples, com redução do uso de óleo e sal. No cardápio, somente grãos integrais, além de garantir cinco frutas da época e cinco legumes diários nas refeições das crianças. As creches adotam a metodologia Waldorf e ofertam uma alimentação saudável, essencial nos primeiros anos de vida para o desenvolvimento físico e cognitivo de uma criança.
Além das creches, a CMa dirige oito núcleos de assistência social que atende a mais de 500 famílias em vulnerabilidade social, proporcionando inclusive assistência psicológica a essas famílias.
O próximo grande projeto da CMa, intitulado Projeto Estruturando Vidas, é a construção de um espaço para atendimento social às mulheres e filhos atendidos pelas creches, em uma perspectiva de prevenção e enfrentamento à violência doméstica, promovendo a construção e/ou reconstrução da dignidade, autoestima e cidadania. Para isso, a Cruz de Malta já possui o terreno, localizado no Núcleo Rural de Santa Maria e o projeto arquitetônico.
A ASOI – Associação de Senhoras de Organismos Internacionais, da qual sou membra, assumiu o compromisso de levantar fundos para a construção do espaço (…)
Abraços
Rosita

Sua filhas seguiram os seus grandes passos e ambas empenharam suas forças em diversos movimentos sociais. Carla se formou em comunicação, atuava intensamente em questões de direitos civis e humanos, foi dona de um bar e trabalhou em projetos sociais. Michelle estudou artes e design, mas seus projetos também se disseminaram. Foi educadora, artista, ativista social, professora e uma maravilhosa mãe. 

Essas três mulheres incríveis nos deixaram um legado de luta, amor e grandeza. É com muito pesar que nos despedimos e lembramos da Rosita Mascarenhas Watkins e suas filhas, Carla e Michele. Desejamos que sua família e entes queridos encontrem conforto neste momento tão difícil e doloroso. 

Dados para doações da Associação Cruz de Malta

Banco do Brasil
Ag. 1003-0
CC. 329.074-3
PIX: cruzdemaltafinanceiro@gmail.com

Revista Xapuri Socioambiental – Jornalismo de Resistência. 

Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

5 1 vote
Avaliação do artigo
Subscribe
Notify of
guest
3 Comentários
Newest
Oldest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
Zezé Weiss

Thank You!

Parcerias

Ads2_parceiros_CNTE
Ads2_parceiros_Bancários
Ads2_parceiros_Sertão_Cerratense
Ads2_parceiros_Brasil_Popular
Ads2_parceiros_Entorno_Sul
Ads2_parceiros_Sinpro
Ads2_parceiros_Fenae
Ads2_parceiros_Inst.Altair
Ads2_parceiros_Fetec
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow

REVISTA

REVISTA 107
REVISTA 106
REVISTA 105
REVISTA 103
REVISTA 104
REVISTA 102
REVISTA 101
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow

CONTATO

logo xapuri

posts recentes