Haddad: Enem com “a cara do governo” é ilegal

Haddad: Enem com “a cara do governo” é ilegal

Por Brasil 247

O ex-prefeito de fez referência à declaração de Jair Bolsonaro sobre a tentativa de deixar o Enem segundo o que o governo federal quer. “As universidades que adotam o exame podem inclusive questionar os itens que confrontam a pesquisa e a “, disse Fernando Haddad…

Do Brasil247 – O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad disse que é ilegal a iniciativa de Jair Bolsonaro de deixar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) “com a cara de governo” e fez um alerta sobre a tentativa da administração federal em tirar a credibilidade acadêmica.
“Um Enem com a ‘cara do governo’ é simplesmente ilegal. As universidades que adotam o exame podem inclusive questionar os itens que confrontam a pesquisa e a ciência. Não foi fácil construir a credibilidade acadêmica do Enem. Tomara que seja blefe. A conferir”, escreveu Haddad no Twitter  na manhã desta terça-feira (16).

Bolsonaro revelou a interferência do governo no Enem, após pedido de demissão em massa no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), com a saída de 37 servidores, na terça-feira (9) da semana passada.
“Começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem. Ninguém está preocupado com aquelas questões absurdas do passado, de cair um tema de redação que não tinha nada a ver com nada. É realmente algo voltado para o aprendizado”, afirmou nessa segunda-feira 15) em Dubai, nos Emirados Árabes.
Na de demissão, os servidores do Inep que pediram exoneração alegaram “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima” do instituto, além de assédio por parte do presidente do instituto, Danilo Dupas.

A prova será aplicada nos dias 21 e 28 de novembro para cerca de 3,1 milhões de candidatos ao ingresso no ensino superior.
Fernando Haddad e o Enem
Fernando Haddad e o Enem (Foto: Reprodução/Facebook | Agência )

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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