enriquecimento ambiental

Enriquecimento ambiental: mais bem-estar para os animais

O que é Enriquecimento Ambiental? 

Todos os dias inúmeros animais silvestres são vítimas das mais diversas ações humanas: atropelamentos, tráficos, , maus tratos, caça, entre outras. A degradação da contribui imensuravelmente para a devastação e perda de habitats desses , que muitas vezes são encaminhados aos jardins zoológicos, instituições que possuem um importante papel na das espécies.

Muitos animais resgatados, após os primeiros cuidados, são encaminhados para centros especializados em reabilitação e soltura e, depois de recuperados, devolvidos para a natureza. Infelizmente, muitos não podem voltar à vida livre, devido ao grau de comprometimento que essas ações podem causar, e são mantidos sob cuidados humanos, por instituições autorizadas para o manejo da silvestre.

A manutenção para animais sob cuidados humanos requer uma série de técnicas e cuidados, para garantir a dignidade e as condições adequadas de vida.

Como a manutenção desses animais ocorre em um ambiente diferente do meio natural, recomenda-se a utilização de Enriquecimento Ambiental, uma prática regularmente utilizada nos bons zoológicos, que tem como objetivo promover a manutenção do físico e psicológico desses animais.

Uma Equipe Técnica, composta por biólogos, veterinários e outros profissionais capacitados para o cuidado da fauna, aplica atividades interativas e dinâmicas que estimulam a expressão de comportamentos naturais de cada espécie. Para isto são confeccionados dispositivos – como jogos e brinquedos – que incentivam o desafio mental, o exercício físico, a exploração do ambiente, a localização do alimento, o entretenimento, a brincadeira e a socialização.

O Enriquecimento Ambiental contribui ainda para minimizar comportamentos estereotipados, evitar o estresse, a apatia e a depressão que podem ocorrer em ambientes muito monótonos de cativeiro.

Quais os materiais utilizados? 

O Enriquecimento Ambiental é um exemplo de como podemos melhorar a qualidade de vida dos animais com poucos recursos financeiros e reaproveitamento de materiais.

Os equipamentos, na maioria das vezes, são produzidos com materiais reutilizados e recursos biológicos, como: troncos de árvores, cipós, folhas de palmeira, penas, caixa de papelão, garrafas pet, entre outros.

São utilizados também da dieta do , que muitas vezes são apresentados de formas diferentes, para estimular o forrageamento e o desafio para obtenção de alimento, como ocorre na natureza.

Tudo é monitorado para que o Enriquecimento Ambiental seja aplicado de maneira segura, é importante também possuir um conhecimento prévio do comportamento da espécie e do individuo, garantindo assim uma melhora significativa na qualidade de vida, priorizando sempre a integridade e dos animais sob cuidados humanos.

ANOTE AÍ:

Segue algumas fotos, feitas pelo autor da matéria, ilustrando o processo de enriquecimento ambiental em zoológicos:

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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