Entregadores pressionam por melhor acordo com empresas de aplicativo
Os entregadores protestaram contra a demora na regulação do serviço e alegam que a renda por hora de trabalho caiu 53,60% após a popularização dos aplicativos, passando de R$ 22,90, em 2013, para R$ 10,55 em 2023.
Por Mídia Ninja/Redação
Representantes de motoboys e motoentregadores no Brasil saíram insatisfeitos de uma reunião no Ministério do Trabalho e Emprego, em Brasília, após mais de quatro meses de negociações em um Grupo de Trabalho (GT) instituído pelo governo federal. As partes não conseguiram chegar a um acordo para melhorar as condições de trabalho dos entregadores.
O presidente do SindimotoSP e do Conselho Nacional de Motofretistas, Motoentregadores, Motoboys e Entregadores Ciclistas profissionais do Brasil, Gilberto Almeida dos Santos, conhecido como Gil, afirmou que nenhuma das propostas apresentadas pelas empresas foi considerada viável pelos profissionais.
Os entregadores protestaram contra a demora na regulação do serviço e alegam que a renda por hora de trabalho caiu 53,60% após a popularização dos aplicativos, passando de R$ 22,90, em 2013, para R$ 10,55, em 2023. Eles reivindicam valores mínimos de R$ 35,76 para motociclistas e R$ 29,63 para ciclistas profissionais por hora de trabalho, enquanto as empresas oferecem propostas variando de R$ 10,20 a R$ 12 para motociclistas e de R$ 6,54 a R$ 7 para ciclistas.
Uma paralisação em todo o país está prevista para 18 de setembro caso não haja melhorias na proposta das empresas, com os entregadores argumentando que as empresas de aplicativos continuam fugindo de suas responsabilidades sociais e não contemplam questões de segurança e saúde dos trabalhadores.
As empresas, representadas pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) e pelo Movimento Inovação Digital (MID), afirmam estar abertas ao diálogo para criar um modelo regulatório equilibrado que proteja os profissionais e garanta a segurança jurídica da atividade intermediada por plataformas digitais. A mesa tripartite, composta por governo, empregadores e trabalhadores, tinha como prazo final até a terça-feira (12) para chegar a um consenso sobre diversos aspectos, incluindo ganhos mínimos, previdência e saúde dos trabalhadores.
*Com informações da Agência Brasil
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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