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Espírito patriótico: hipocrisia ao estilo do “ame-o ou deixe-o”

Espírito patriótico – A agenda nacional perdida pela esquerda

O liberalismo nunca carregou um espírito democrático em seu seio. A democracia é uma conquista dos à base de muito sangue. Ou não seria verdade, segundo Engels, que o é parte da “batalha pela democracia”?

Por Elias Jabbour

O que mais me envergonha não é somente o desprezo de Bolsonaro, e de amplas parcelas das classes médias e dos ricos do país, para com os pobres e negros.

espírito patriótico
O novo ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia, astronauta Marcos Pontes, é favorável à ‘hard science’ 

Em termos marxistas, trata-se de uma questão nada moral. Esse desprezo é parte integrante da superestrutura do poder no , com raiz em nossa formação social. O desprezo pela democracia é mais “natural”. Nenhum milionário ou bilionário no mundo gosta muito desta prática, apesar de achar útil sua utilização quando lhe convém.

‘Hard science’

O liberalismo nunca carregou um espírito democrático em seu seio. A democracia é uma conquista dos trabalhadores à base de muito sangue. Ou não seria verdade, segundo Engels, que o socialismo é parte da “batalha pela democracia”?

A hipocrisia sem limites e o “lusco fusco” da “democracia” defendida pela Casa Grande bolsonarista não está somente na possibilidade de implantação de um estado terrorista no Brasil com as favelas se transformando em verdadeiros bantustões dentro das grandes cidades. Aliás, foi para isso que milhões de brancos e arremediados (racistas e hipócritas) foram às ruas empunhando a bandeira nacional contra a “”.

O pior virá, certamente. Tenho conversado muito sobre isso com meus amigos e minha companheira, Michelle. Estamos todos apreensivos, evidentemente.

Em meio a tudo isso, soma-se a vergonha de ver quem defende os “valores pátrios” contra os “vermelhos” dar sinal positivo à continuidade da entrega do barril do extraído do pré-sal por alguns centavos de dólar (um crime de alta traição nacional passivo de pena de morte em alguns países “civilizados”, como os EUA); a destruição de nosso programa espacial e entrega da base de Alcântara aos EUA e o esmiliguamento da ciência nacional anexa a tudo que eu chamo de “hard science”.

Massa conservadora

Tudo dentro do guarda-chuva do alinhamento incondicional à Grande atual travada pelo “nosso” aliado contra a China socialista. Tratar-se-a de um governo reacionário e antipatriotico em todos seus aspectos.

Este quadro, apesar de superficial, é suficiente para desmarcar uma agenda capaz de reagrupar a esquerda como núcleo de um grande pacto nacional contra o entreguismo e a rapinagem estrangeira à qual estará submetida o governo Bolsonaro.

A esquerda brasileira, por mil razões, perdeu a liga com a agenda nacionalista e patriótica com um custo político e estratégico altíssimo em pról de uma justa agenda social (agenda vazia quando descolada da centralidade da questão nacional e patriótica) e preferindo travar uma disputa de valores culturais e morais, campo de excelência do inimigo, redundando em colisão com valores típicos de uma massa que em média é conservadora, católica e “self made man”.

Uma agenda fabricada pelo Departamento de Estado dos EUA e importada pela esquerda brasileira em sua maioria.

Oligopólios

Enfim, milhões de artigos e análises tem sido escritos sobre nossa derrota. Praticamente nenhum deles com um conteúdo que coloque no centro a questão nacional. Será que os intelectuais de nosso campo político foram raptados por uma agenda “globalizante”, mesmo quando a tendência mundial (desde a década de 1990!!!!!!!) é o de crescente guerra de capitais acelerada na década de 1990 e elevada à décima potência desde 2009, tendo os Estados Nacionais como autores principais desta guerra?

A esquerda brasileira, em sua “autocrítica” não estaria repetindo semelhante àquela do bater dos sinos que separou a economia liberal clássica pela, denunciada por Marx, “economia vulgar”? Vulgar, hoje, por ser incapaz de perceber a verdade concreta mesmo diante de toda e qualquer evidência; sendo a principal delas a relacionada com a validade empírica de um mundo onde só se sobrevive quem mantiver projetos nacionais de longo alcance.

Projetos cuja se constitui na construção e existência de grandes oligopólios nacionais baseados em poderosos braços financeiros, também nacionais.

Voltarei a este assunto.

ANOTE AÍ

Elias Jabour é professor de Economia da do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Fonte: Correio do Brasil

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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