FAO: É fundamental promover a biodiversidade

FAO: É fundamental promover a em todos os setores agrícolas

Promover a biodiversidade em todos os setores agrícolas é ‘fundamental’, diz chefe da FAO

Graziano destacou que o mundo ainda mantém uma produção de alimentos baseada sobretudo em princípios de 50 anos atrás, frequentemente fazendo uso de produtos químicos hostis ao .

Abastecimento de caminhões agrícolas em Bangladesh. Práticas não sustentáveis de agricultura estão tendo impactos incalculáveis na biodiversidade. Foto: FAO/Mohammad Rakibul Hasan

Transformar a forma como os países produzem alimentos é “fundamental” para proteger o futuro dos ecossistemas, declarou o chefe da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

À medida que grandes áreas de superfície do planeta são utilizadas para cultivar alimentos, criar ou produzir insumos como madeira, o setor agrícola – quando administrado de maneira sustentável – pode fazer contribuições significativas para proteger a biodiversidade, disse o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva.

Em discurso durante um diálogo internacional de três dias sobre a integração da administração sustentável de recursos nas políticas e práticas agrícolas, realizado no final de maio, o diretor pediu mudanças transformadoras na produção de alimentos. O objetivo é enfatizar a produção alimentos saudáveis e nutritivos, e ao mesmo tempo proteger a biodiversidade do planeta.

“A biodiversidade é essencial para garantir a alimentar e nutricional global, melhorar os meios de subsistência no campo e aperfeiçoar a resiliência de indivíduos e comunidades”, declarou Graziano.

No entanto, a biodiversidade – nos níveis pertinentes à genética, espécies e ecossistemas – enfrenta uma série de ameaças, observou o diretor-geral da FAO, acrescentando que a produção de alimentos “é grande parte do problema”.

Graziano destacou que o mundo ainda mantém uma produção de alimentos baseada sobretudo em princípios de 50 anos atrás, frequentemente fazendo uso de produtos químicos hostis ao meio ambiente. O diretor também descreveu como a perda de biodiversidade agrícola representa um risco direto à segurança alimentar.

biodiversidade FAODiretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva. Foto: FAO/Giuseppe Carotenuto

“Apenas três culturas básicas – arroz, milho e trigo – e três espécies de animais – bovinos, suínos e frango – fornecem a maior parte da ingestão de energia alimentar no mundo”, disse.

A diversificação de fontes de alimentos poderia desempenhar um papel fundamental na garantia da segurança alimentar; como geneticamente diversas, que são mais tolerantes a condições mais quentes e secas. Da mesma forma, a diversificação na criação de animais permitiria aos agricultores e pastores melhores condições de adaptação às mudanças nas condições ambientais.

“Isso é especialmente importante atualmente diante de desafios emergentes, como os impactos da mudança climática, a rápida urbanização e também uma população crescente com mudanças na dieta”, completou o diretor da FAO.

No cultivo em fazendas, a implementação de práticas de produção que priorizem a salvaguarda da biodiversidade também pode garantir que alimentos possam ser produzidos de forma sustentável.

Para esse fim, a conferência da FAO reuniu pessoas de todo o setor, para considerar exemplos reais de como a agricultura, pesca e silvicultura foram gerenciadas com sucesso para proteger a biodiversidade.

Uma série de grupos de trabalho também se concentrará nos caminhos para a integração da biodiversidade na agricultura, incluindo a governança global; políticas e legislação nacionais; incentivos e investimentos financeiros; e medidas da cadeia de suprimentos.

ANOTE AÍ

Fonte: ONU BR

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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