Um legado de Chico Mendes
Há muito tempo só havia o escuro.
Os caminhos sempre foram perigosos.
Às vezes os igarapés alagavam,
Às vezes faltava o peixe,
Às vezes comíamos bem,
Às vezes só tinha farinha.
Notícias, só de vez em quando
Nos rádios dos barracões,
Ou dos regatões.
A dívida consumia todo o trabalho.
Escola era palavra proibida.
Saúde só pros patrões.
O futuro era alguma coisa
Que parecia que não chegaria.
Aí, em cima da dor,
Da terra espinhosa,
Começamos a cultivar a flor.
A luz passou a ser construída,
A nossa união passou a ser
A poronga acesa que alumia o caminho,
E nossa luta,
Mesmo com sangue derramado,
Do nosso lado,
Cresceu e começamos a construir
Nosso futuro,
Sem patrão, sem exploração
E sem violência.
Hoje nossos filhos
Começam a sentir
Que vale a pena a vida,
Com a nossa proposta
Da Reserva Extrativista.
E o índio é nosso companheiro
Nesta caminhada… Da qual estamos
Dando hoje mais um passo
Com o I Encontro dos Povos da Floresta
Carta-Poema lida por Júlio Barbosa de Aquino na Abertura do I Encontro dos Povos da Floresta, 25 a 31 de março de 1989, Rio Branco – Acre – Brasil.
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