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Governos de SP e MG trabalham para privatizar a água

Governos de SP e MG trabalham para privatizar a água

Além do plebiscito, trabalhadores metroviários, ferroviários e da Sabesp aprovaram uma greve conjunta de 24 horas, marcada para o próximo dia 3 de outubro.

Por Mídia Ninja/Redação

Uma onda de manifestações contrárias à privatização de empresas estatais de saneamento e transporte público tem varrido São Paulo e Minas Gerais nas últimas semanas. Movimentos sociais, sindicais e entidades representativas dos trabalhadores, em conjunto com a população em geral, têm se mobilizado em um esforço conjunto para preservar o acesso à água como um direito fundamental e para garantir que serviços de transporte público permaneçam acessíveis a todas as pessoas.

No dia 21 de setembro, esses grupos realizaram mais um dia de votação no plebiscito popular contra a privatização de três empresas que atualmente são geridas pelo poder público: a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô). O plebiscito, que teve início em 5 de setembro, estabeleceu dezenas de locais de votação em todo o estado de São Paulo. Recentemente, um novo ponto de votação foi aberto em frente à estação Lapa da CPTM, na região oeste da capital paulista.

Camila Lisboa, presidenta do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, explicou a importância do plebiscito, em entrevista à Agência Brasil: “Hoje estamos abrindo mais um ponto de coleta do plebiscito contra a privatização da Sabesp, da CPTM e do Metrô de São Paulo. O plebiscito abre a possibilidade para as pessoas dizerem se são a favor de passar essas empresas para a iniciativa privada.”

Além do plebiscito, trabalhadores metroviários, ferroviários e da Sabesp aprovaram uma greve conjunta de 24 horas, marcada para o próximo dia 3 de outubro, como uma forma de protesto contra a privatização dessas empresas.

A privatização das empresas estatais de saneamento e transporte público tem sido uma das prioridades da gestão de Romeu Zema em Minas Gerais. No entanto, experiências de privatização de empresas públicas do setor em todo o Brasil têm demonstrado impactos negativos, como aumento das tarifas, queda na cobertura e menor controle público. Em Ouro Preto, por exemplo, moradores relatam cortes de abastecimento e cobranças de tarifas abusivas desde que a empresa privada Saneouro assumiu o serviço.

No Rio de Janeiro, após a venda da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), o percentual de tratamento de esgoto caiu 7% entre 2020 e 2021, e aumentaram as queixas por falta de água. Em Manaus, onde o serviço é privatizado há mais de 20 anos, dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2020) indicam que 80% da capital amazonense ainda enfrenta problemas com falta de esgotamento sanitário.

Privatização em Minas

O projeto de privatização do saneamento em Minas Gerais está sob intenso escrutínio, com críticos apontando uma série de imperfeições e equívocos técnicos e jurídicos que podem resultar em prejuízos significativos para a população do estado. Dentre as principais preocupações destacadas, encontra-se a clara intenção de privatizar os serviços de saneamento, desviando-se da preservação das entidades públicas municipais e estaduais, como a Copasa e a Copanor.

Além disso, o projeto parece ignorar as especificidades técnicas, econômicas e culturais necessárias para incluir grupos vulneráveis, como comunidades rurais, povos tradicionais, pequenas localidades, comunidades ribeirinhas e populações em situação de assentamentos informais, na busca pela universalização dos serviços.

Outra crítica substancial diz respeito ao impacto financeiro sobre a população em situação de vulnerabilidade econômica, incluindo aqueles classificados como Extrema Pobreza, Pobreza e Baixa Renda, que somam cerca de 6 milhões de pessoas, aproximadamente um terço da população do estado. O temor é de que a universalização proposta não seja acessível a todos, com a tendência de aumento das tarifas para remunerar os prestadores privados.

Além disso, a proposta é acusada de negligenciar o controle social e de tentar impor a regulação dos serviços pela agência reguladora do estado (ARSAE-MG), visando garantir aumentos tarifários que beneficiem os prestadores privados.

*Com informações da Agência Brasil, Brasil de Fato e Fiocruzdd

Fonte: Mídia Ninja. Foto de capa: Roberta Quintino / Fama.

Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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