Indignos dos cargos que ocupam

Indignos dos cargos que ocupam

O ex-presidenciável Fernando Haddad, do , em artigo, escreve neste sábado (25) que o ex-ministro da Justiça, , e o [ainda] presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fizeram acusações mútuas gravíssimas nas últimas horas.

“Moro acusou o chefe de querer interferir politicamente nas investigações da PF. Bolsonaro acusou seu ministro de concordar com a troca do diretor-geral apenas depois de ele, Moro, ser indicado para uma vaga no ”, inicia o petista.

Haddad afirma que nem Bolsonaro nem Moro são dignos dos cargos que ocupam. Por isso, o dirigente do PT laconicamente propõe: “Fora.”

Leia a íntegra do artigo de Fernando Haddad:

Fora

Nem Bolsonaro nem Moro são dignos dos cargos que ocupam

As acusações mútuas que se fizeram Moro e Bolsonaro são gravíssimas. Moro acusou o chefe de querer interferir politicamente nas investigações da PF. Bolsonaro acusou seu ministro de concordar com a troca do diretor-geral apenas depois de ele, Moro, ser indicado para uma vaga no STF. Como se vê, tudo muito “republicano”.
Chama a atenção, entretanto, aquilo que eles admitiram de si mesmos. Moro negociou sua ida para o ministério em troca de uma pensão para a família caso viesse a faltar. O que ganhou salário de juiz por mais de vinte anos, não raro acima do teto constitucional, negociou uma pensão não prevista em lei. Quem pagaria? Como foi acertado esse arranjo? E os demais brasileiros que arriscam a diariamente?
Bolsonaro, por sua vez, disse que, de fato, queria nomear um diretor-geral com quem ele pudesse interagir diretamente. Assumiu também que determinou a substituição do superintendente da PF no Rio de Janeiro, cidade em que atos suspeitos de seus filhos estão sendo investigados.
Em 2007, a PF deflagrou uma operação que tinha como alvo o irmão do , conhecido por Vavá. Tarso Genro, então ministro da Justiça, informou o presidente 11 horas antes da operação. Segundo relato do ministro, Lula teria dito que, se a operação respeitasse as formalidades legais, nada teria a dizer.
A operação ocorreu com estardalhaço, sem que o irmão tivesse conhecimento. Mais tarde, Vavá teria perguntado a Lula se ele tinha sido informado previamente da operação, ao que ele respondeu: “Quem foi informado foi o presidente da República, não seu irmão”. Vavá faleceu sem que nada se provasse contra ele. Lula foi impedido de ir ao seu enterro.
Bolsonaro jamais entenderá a autonomia da PF, reclamada por Moro. Mas o próprio Moro, bem entendido, tampouco se preocupa em preservá-la. A troca de favores que teria sugerido ao presidente lembra mais uma disputa por do que uma visão de . Uma vez no STF, a autonomia da PF não seria mais da sua conta.
Novamente, Moro deixou a admiração aos governos do PT nessa seara. Já na absurda sentença condenatória que tirou Lula da disputa presidencial que liderava, pavimentando a vitória daquele a quem serviria, ele declara que Lula foi o presidente que, como poucos, fortaleceu as instituições de combate à corrupção. Ontem, repetiu-se: os governos do PT garantiram a autonomia da PF, sem o que a Lava Jato não se realizaria.
O que Moro demora a conceder é que quem deu autonomia à PF o fez porque nada temia, e nem imaginava que instituições da República se deixassem instrumentalizar contra quem as fortaleceu.
Nem Bolsonaro nem Moro são dignos dos cargos que ocupam. Fora.

Fernando Haddad*

Fonte:  Blog do Esmael

 


 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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