Heféstio, o namorado de Alendre, o Grande 

Heféstio Amíntoro, o namorado de Alendre, o Grande 

Na antiguidade, a sexualidade dos gregos não era marcada por tabus…

Por Vítor Soares/Aventuras na História

“Os filósofos cínicos diziam, anos após sua morte, que Alexandre só foi derrotado uma vez e foi pelas coxas de Heféstio.
“Essa afirmação se encontra no livro ‘Alexandre, o Grande’, escrito por Robin Fox em 1973. O autor produziu outros sobre o conquistador, mas a riqueza de detalhes desse trabalho o tornou uma referência quando o tema é o imperador macedônio.
Heféstio Amíntoro era filho de Amíntor, aristocrata macedônio. Foi aluno de Aristóteles e, ao ter aulas com o filósofo grego, ele se aproximou de Alexandre, o Grande.
Mesmo sendo uma questão já batida para os historiadores, muitos se surpreendem ao serem informados que a maioria dos gregos era bissexual. O comportamento sexual daquela época era bem diferente daquele que vemos em contemporâneos.
É considerado muitas vezes anacronismo tentar entender a sexualidade dos gregos com conceitos contemporâneos. Mas, desrespeitando a regra número um dos historiadores, vemos que na antiguidade clássica era visto como algo completamente normal.

Fato comum

Era muito comum que jovens, principalmente aqueles que compartilhavam a acadêmica ou militar, tivessem relações homoafetivas.  
Inclusive, o professorJeanne Reames, da do Estado da Pensilvânia, afirma que esse tipo de relação variava em pequenos detalhes dentre as -estados gregas. Por exemplo: em Atenas, a beleza física era mais valorizada dentre os jovens; já na Macedônia, as habilidades atléticas faziam o interesse dos demais ser maior.
Reames também afirma que Alexandre, o Grande e Heféstio Amíntoro tiveram relações quando eram jovens. O não confirma que eles continuaram o relacionamento na vida adulta, mas também afirma que não há nada que poderia impedi-los.

Mosaico sobre Alexandre, o Grande / Crédito: Domínio Público, via Wikimedia Commons

 

Banda Sagrada de Tebas

Antes dos macedônios dominarem todo o mundo grego, a maior força que existia na região era o lendário exército chamado Banda Sagrada de Tebas — que pertencia à cidade de Tebas. Ele comportava por volta de 150 pares de homens que também eram amantes, e todos eram muito respeitados e poderosos.
Eles chegaram a descer a porrada em mais de mil espartanos na Batalha de Tegyra, em 375 a.C. Filipe II da Macedônia — o pai de Alexandre, o Grande — até conseguiu derrotar a Banda Sagrada de Tebas em 338 a.C., na Batalha de Queroneia, e segundo Plutarco, amaldiçoou todos que haviam criticado o estilo de vida do exército de amantes.
Acreditava-se que um exército que tivesse relações sexuais entre si estimulava a masculinidade e a coragem no campo de batalha. Sim, a masculinidade. Não é preciso ler muito sobre o mundo grego da antiguidade para perceber que ser másculo não tinha nada a ver com sentir atração apenas por .

A pressão

Porém, existia sim uma pressão para que os homens da época se casassem e tivessem filhos ao entrarem na vida adulta. O próprio Alexandre se casou três vezes: com Roxana,Estatira II e Parisátide. Mas, segundo o historiador Peter Green, Alexandre não tinha muito interesse por mulheres.
Mas falando novamente sobre Alexandre e Heféstio, é importante deixar claro que não temos uma prova concreta se eles tiveram relações ou não. Sabemos que Alexandre, o Grande, seu pai e outros homens macedônios que eram vistos como modelos a serem seguidos, tiveram relações. Mas quanto aos pombinhos que aqui estamos falando, infelizmente, não sabemos ao certo.
Quando Heféstio morreu de febre voltando da campanha da Índia, Alexandre ficou abalado. Ele ficou dias sem comer ou beber. Muitos defendem que o declínio de sua saúde começou após a morte do seu amante. Ele ordenou a realização de um funeral majestoso para Heféstio e declarou luto oficial em seu enorme reino.
Alexandre, o Grande é constantemente considerado o homem mais poderoso de seu . Dominou um império gigantesco que ia do sul do Egito até o leste da Índia. Ainda assim, mesmo com tanto poder nas mãos, Alexandre se mostra demasiadamente humano ao sofrer por amor como qualquer um de nós.

Conquistador nato

A intensa trajetória de Alexandre é tema do novo episódio do podcast ‘Desventuras na ‘. Com minha narração, o episódio apresenta fatos e curiosidades sobre a vida pública e íntima do líder militar que nasceu em julho do ano 356 a.C…

Nesse sentido, o novo que idealizei ao lado da AH retrata a vida de nomes que marcaram diversos períodos do mundo que conhecemos. As curiosidades trazidas em cada um dos episódios, contudo, fogem das presentes em livros didáticos. 
Com tom descontraído, o ‘Desventuras na História’ segue uma nova maneira de levar a História para o público, mas sem deixar para trás os fatos importantes. A ideia é transmitir o conteúdo, seja qual ele for, de forma mais íntima, como numa conversa.
Vítor Soares – Professor de História. Capa: Pintura de Alexandre, o Grande na Batalha de Hidaspes – Getty Images. 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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