Depois de inúmeras ameaças de morte, Jean Wyllys, um dos mais combativos parlamentares brasileiros, recém-eleito para o seu terceiro mandato, anunciou nesta quinta-feira, 24 de janeiro (dia da condenação de Lula em Porto Alegre), sua desistência da trincheira do Congresso para, de fora do Brasil, proteger sua própria vida, denunciar os desmandos do grupo instalado no poder e defender a democracia brasileira.
A decisão de Jean Wyllys causou espanto e solidariedade nas redes sociais. Milhares de militantes das causas e dos movimentos sociais se manifestaram nas redes sociais. Uma delas, Lúcia Resende, consultora aposentada da Câmara dos Deputados, publicou em sua página no Facebook:
“Soube agora que Jean Wyllys, eleito para o terceiro mandato na Câmara Federal, abre mão do mandato pra ir embora do país, porque está recebendo constantes ameaças de morte. Frequentemente, circulam pelas redes mentiras contra ele. Na campanha fake do presidente, inclusive.
Acompanhei, na Câmara, o seu primeiro mandato inteiro, e posso dizer que o Jean é um dos nossos melhores parlamentares. Preparadíssimo, com argumentos claros e consistentes, como convém a um parlamentar.
A reação do presidente da República à notícia, no Twitter, é a de um garoto de 5° ano, se tanto. O papel do Estado seria o de defender um representante eleito pelo povo, mas o Estado se transformou em ameaça… Que tristeza!
Causou também reação por parte do “Parvo de Davos”, segundo definição do colunista Marcelo Zero, que, incapaz sequer de cumprir a agenda anunciada durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, teve tempo e energia para celebrar o anúncio de Jean Wyllys.”
Causou espanto também, em uma parcela significativa da sociedade brasileira, as manifestações do “Parvo de Davos”, no dizer do colunista Marcelo Zero. Sem citar nomes, o presidente escreveu em seu twitter “Grande dia” logo depois do anúncio de Wyllys, que foi o principal calo no pé do deputado JMB no Congresso durante anos, e foi por ele agredido várias vezes.
Não bastasse o comentário e a postura tosca de quem devia defender o direito de um representante eleito pelo povo de exercer seu mandato parlamentar sem temer a própria vida, o filho do “Parvo”, conhecido como o “pitbull” da família, também resolveu se manifestar sarcasticamente pelo Twitter: “Vá com Deus e seja feliz”
Ao final da tarde, o jornalista Kennedy Alencar expressou sua opinião sobre a partida de Wyllys, segundo ele o primeiro auto-exilado do governo JMB: “Vai fazer um grande estrago para a imagem do Brasil no exterior.”
Grande estrago lá fora, grande falta por aqui. Gratidão, Jean Wyllys, inclusive pela coragem de desistir, nesse gesto extremo de resistência. “Até um novo dia”