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JORNALISTA PRESA POR INJÚRIA RACIAL CONTRA POLICIAL MILITAR EM SALVADOR, É SOLTA

JORNALISTA PRESA POR INJÚRIA RACIAL CONTRA POLICIAL MILITAR EM SALVADOR, É SOLTA

A jornalista proferiu ofensas racistas durante abordagem no sábado, mas já foi liberada em audiência de custódia

Por Nathália Shizuka/Mídia Ninja

No último sábado (3), em Salvador, a jornalista Rosane de Sousa , de 72 anos, foi presa após cometer injúria racial contra uma Policial Militar, no evento Fuzuê, uma das principais festividades que antecedem o em Salvador. Conforme apurado pela corporação, a jornalista disse que “não veio do navio negreiro para ser revistada por uma negra” e acrescentou outros insultos contra a vítima.

A suspeita foi presa em flagrante mas em depoimento, negou o crime, mas assumiu que fez uma “brincadeira” relacionada a navio negreiro. Segundo o portal G1, a delegada Marialda Santos, responsável pela efetivação do flagrante, disse que a suspeita não demonstrou nenhum arrependimento. “Apesar de desconversar, ela manteve o discurso racista”, informou.

Nesta segunda-feira, a de 72 anos conquistou liberdade provisória durante a audiência de custódia realizada nesta manhã. A decisão de conceder a liberdade provisória a Rosane foi assinada pela juíza Marcela Moura Pamponet, levando em consideração a inexistência de antecedentes criminais da jornalista e a de outras ações penais contra ela.

Apesar de não estar sob custódia, a juíza determinou que Rosane Maria compareça a todos os atos processuais e mantenha seu endereço atualizado. Além disso, ela está proibida de participar de eventos públicos, como festas de ruas, bares, e demais aglomerações e deve cumprir recolhimento domiciliar noturno das 18h às 06h, inclusive nos fins de semana e feriados.

A Polícia Civil informa que oferecerá serviços especializados para o atendimento às vítimas e demais públicos vulnerabilizados nos postos de Serviço Especializado de Respeito a Grupos Vulnerabilizados e Vítimas de Intolerância e (Servir), instalados nos circuitos Dodô (Barra-Ondina) e Osmar (Campo Grande).

Em 11 de janeiro de 2023, entrou em vigor a Lei 14.532/2023, que equiparou a injúria racial ao crime de racismo. Como resultado, a pena foi agravada, passando a ser de dois a cinco anos de reclusão, além de multa. Agora, não é mais permitido o pagamento de fiança, e o crime tornou-se imprescritível.

Fonte: Mídia Ninja. Foto: Reprodução TV BAHIA.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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