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JOSÉ GOMES DA SILVA, PIONEIRO DA REFORMA AGRÁRIA

JOSÉ GOMES DA SILVA, PIONEIRO DA LUTA PELA REFORMA AGRÁRIA

a José Gomes da , pioneiro da luta pela Reforma Agrária 

Se temos conquistas a celebrar no âmbito do acesso à terra, elas são frutos de uma caminhada iniciada por José Gomes da Silva há cerca de 60 anos. 

Por Padre João 

Conhecido como o fazendeiro que lutou pela reforma agrária, José Gomes da Silva assumiu a desapropriação de terras que não cumprem a respectiva função social como principal instrumento para a reforma agrária.

Zé Gomes disse: “Ocupação significa entrar em um espaço vazio. E terra que não cumpre a sua função social do ponto de vista legal, ético e prático, é um espaço vazio.”

Apesar de hábil negociador, não hesitou em abrir mão de cargos públicos quando viu que a sua luta por Justiça Social foi ignorada. Zé, que teria completado 100 anos no dia 12 de junho, com muito louvor e gratidão por tudo o que ele fez para repartir a terra e, consequentemente, o pão.

José Gomes da Silva pavimentou um caminho hoje percorrido por nós. Foi ele o responsável pelo Estatuto da Terra, em 1964, pelo 1º Plano Nacional da Reforma Agrária da Nova República, no governo de José Sarney. Foi coordenador da área de agricultura e reforma agrária do “governo paralelo” do PT, na década de 90.

Muitas vezes foi questionado: não seria contraditório um fazendeiro bem-sucedido enfrentar a luta em favor da Reforma Agrária? Ele sempre respondia que, acima de tudo, era um profissional da terra. E, como tal, via na estrutura fundiária brasileira um entrave ao desenvolvimento do país.

Cito o evangelho de Mateus capítulo 7, versículos 15 a 18 para homenagear um grande companheiro: as boas árvores geram bons frutos. José Graziano, filho de Zé Gomes, a quem sempre agradeço por toda a contribuição no combate à fome e no fortalecimento da segurança alimentar.

Todos sabemos da sua grande contribuição na implementação do Fome Zero, no primeiro governo Lula, assim como os grandes feitos, enquanto diretor-geral da FAO na e Caribe e como diretor-geral da entidade, no combate à fome e à desnutrição no mundo.

Eu, enquanto presidente da Frente Parlamentar Mista da Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional e Combate à Fome, nos inspiramos bastante no companheiro Graziano para seguir a luta em defesa da alimentação saudável, da segurança alimentar e da urgência do combate à fome e à desnutrição.

Estamos à frente de um mandato popular, coletivo e participativo, há quase vinte e dois anos, mas a nossa luta em favor do acesso à terra e por no prato é muito anterior.

A partir de 2023 passamos a ter, em uma proposta inédita de atuação parlamentar, a companhia do companheiro Leleco Pimentel, enquanto deputado estadual por Minas Gerais, em um que é único: o “Juntos Para Servir”.

O Projeto bebe da fonte deixada por José Gomes da Silva e tem em pessoas como o José Graziano referências para a consecução de ações de combate à fome e de promoção de uma alimentação saudável.

No último mês, comemoramos a sanção da Nacional da Agricultura Urbana e Periurbana, de nossa autoria. Aproveito o ensejo para agradecer o ministro Paulo Teixeira, por todo o apoio na viabilização dessa conquista!

Agora é lançarmos mão dessa ferramenta para a produção de ainda mais comida de verdade por parte de quem reside nas cidades, mas tem vocação rural. E o grande desafio é: a garantia da destinação desses alimentos a quem mais precisa, através dos programas institucionais de aquisição de alimentos, PAA e Pnae.

JOSÉ GOMES DA SILVA, PIONEIRO DA LUTA PELA REFORMA AGRÁRIA
Foto: MST

Cresci em uma casa com mais 13 irmãos. Minha mãe, Naná, e meu pai, Tito, nos criaram com os frutos de uma pequena propriedade. A agricultura familiar foi e é fonte de renda para a nossa família.

Posso afirmar, por experiência: o acesso à terra pode levar o a promover uma maior produção de alimentos e a combater a fome de uma vez por todas, com a geração de emprego e renda. Quem produz comida de verdade no Brasil são os agricultores e as agricultoras familiares, em boa medida assentadas e assentadas da reforma agrária.

Que a trajetória de José Gomes da Silva nos inspire a seguir ainda mais firmes, fortes e animados na luta pela Reforma Agrária no Brasil. Como diz o Padre Júlio Lancellotti: ‘Eu não luto pra vencer. Sei que vou perder. Luto pra ser fiel até o fim’. Por todos os rurais e companheiros que estão na luta pelo acesso à terra e pela Reforma Agrária: Viva José Gomes da Silva!”

Antes de finalizar, quero novamente denunciar o genocídio na . Hoje são aproximadamente 40 mil mortos, sendo 70% crianças e mulheres. Ontem, o ministro israelense disse considerar “justificado e moral” deixar que 2 milhões de palestinos “morram de fome” em Gaza.

Padre João (PT-MG) , deputado federal, em sessão solene do

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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