Pesquisar
Close this search box.

Justiça para Marielle e Anderson

Justiça para Marielle e Anderson: Quem mandou matar Marielle? 

Por Iêda Leal 

Resistir, lutar. Eles não nos calarão. Marielle vive em nós. QUEM MATOU MARIELLE? Exigimos JUSTIÇA. As balas com donos e os donos das balas têm dono. Justiça já! QUEM MANDOU MATAR MARIELLE? Exigimos respostas.

Mataram para silenciar a voz de uma mulher negra que lutava contra injustiças, pelo direito à dignidade, contra o racismo, o sexismo e em defesa da vida, de vidas negras – de homens, mulheres e jovens – que sobrevivem na periferia, em território dominado por milícias que mantêm uma população sob a mira de armas.

A juventude negra é a principal vítima. Os números são assustadores, mas nada acontece contra os criminosos. Marielle era a voz dessa comunidade contra a barbárie racista que move as entranhas das estruturas deste país.

A impunidade não pode prevalecer. As investigações não podem parar. Neste 14 de março de 2022, nós do MNU voltamos às ruas e às redes sociais, como milhares de brasileiros e brasileiras, para exigir que os mandantes sejam presos e condenados.

QUEM MANDOU MATAR MARIELLE?

Por Marielle, justiça!    

MNU 44 anos de luta contra o racismo e pela vida.

Iêda Leal – Coordenadora Nacional do MNU. Capa: Sinpro/ABC. Imagem interna: Wikipedia. 

Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão não deliberativa solene em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e seu motorista, Anderson Gomes, assassinados no Rio de Janeiro.
Segurando girassóis, parlamentares do PSOL, PT, PSB e militantes dos direitos humanos marcharam desde a taquigrafia até o plenário da Câmara, onde acompanharam a sessão solene no plenário.
Uma grande faixa preta com os dizeres “Marielle, presente! Anderson, presente! Transformar luto em luta!” foi estendida em frente a mesa de trabalhos.
Faixa: “Marielle presente, hoje e sempre”.
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

0 0 votos
Avaliação do artigo
Se inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

Parcerias

Ads2_parceiros_CNTE
Ads2_parceiros_Bancários
Ads2_parceiros_Sertão_Cerratense
Ads2_parceiros_Brasil_Popular
Ads2_parceiros_Entorno_Sul
Ads2_parceiros_Sinpro
Ads2_parceiros_Fenae
Ads2_parceiros_Inst.Altair
Ads2_parceiros_Fetec
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow

REVISTA

REVISTA 113
REVISTA 112
REVISTA 111
REVISTA 110
REVISTA 109
REVISTA 108
REVISTA 107
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow

CONTATO

logo xapuri

posts recentes